Açorianos criam circuito artístico em Fall River com festival de arte Fabric
21 de ago. de 2019, 10:03
— Lusa/AO Online
A primeira
edição do Fabric Arts traz um circuito de filmes, concertos, exposições e
intervenções artísticas em espaço público a Fall River, no estado de
Massachussets (Estados Unidos da América), uma cidade com cerca de
90.000 habitantes, com uma grande comunidade portuguesa,
predominantemente açoriana.O projeto
pretende “criar uma nova forma de experienciar Fall River através de um
programa multidisciplinar que cruza tradições, espaços e pessoas”,
explica a nota informativa.A ideia partiu
de Michael Benevides, empresário e vice-presidente da Casa dos Açores de
Nova Inglaterra, que disse ter ficado “muito inspirado com o que o Walk
& Talk e o Tremor têm feito nos Açores”.Foi
assim que chegou a Jesse James e Sofia Carolina Botelho, diretores
criativos do festival de arte Walk & Talk, e António Pedro Lopes,
codiretor artístico do festival Tremor, ambos realizados em São Miguel.O
objetivo é trazer para Fall River “este tipo de arte, o que passa
nesses festivais, e um pouco dessa energia para a comunidade”, explicou
Michael Benevides à Lusa.“Na região entre
Providence, Fall River e New Bedford existe uma cena artística que está a
evoluir e nós queremos fazer parte disso. Fall River ainda está um
pouco atrás, portanto, a ideia aqui também é dar nome a Fall River como
destino de arte”, prosseguiu.Surge, assim,
o Fabric Arts, um festival que pretende ser uma plataforma de criação e
mostra de arte contemporânea, através de um programa multidisciplinar
que inclui artes visuais, música e cinema. A mostra é precedida por um
período de residências artísticas, que permite aproximar a comunidade do
processo criativo e criar colaborações entre os artistas convidados e
artistas locais.Este é um evento para
“todos os que gostam de arte”, mas que está “muito ligado à maneira como
se faz um festival nos Açores. O programa tem um ‘signature style’
(estilo próprio) de como se faz um programa nos Açores. Os curadores são
açorianos, tem artistas açorianos. Não é só um festival de arte, mas
também não é só um festival 100% açoriano, também tem artistas
internacionais”, concretizou, sem adiantar ainda nomes.Sobre
a organização, o empresário que nasceu em São Miguel e emigrou para os
Estados Unidos com apenas 2 anos afirma que nem sempre foi fácil,
“porque é tipo uma relação a longa distância, não é sempre fácil
comunicar”, mas garante que está muito feliz com o programa, “que só é
possível por causa dos contactos da Sofia, do Jesse e do António”.O
festival pretende, também, “dar uma nova vida” a vários espaços,
criando um diálogo entre a cidade e os projetos artísticos e explorando a
herança industrial de Fall River. “Um dos
locais era uma antiga fábrica que foi convertida, hoje em dia é um
centro de arte, o The Narrows Arts Center. Muitos portugueses como os
meus pais trabalharam naquela fábrica”, contou o empresário. Mas ocupará
também muitos outros espaços da baixa de Fall River, como o Gnome
Create, o carrossel de Fall River, ou a Police Athletic League.