Açorianas fogem do serviço público para abortar

Saúde

6 de nov. de 2007, 13:05 — Luís Pedro Silva

A revelação é efectuada por Yolanda Hernandez, directora da clínica dos Arcos, em Lisboa, onde muitas mulheres da Região realizam a interrupção voluntária da gravidez. A directora clínica considera que “existe falta de informação das mulheres nos Açores”, porque podem recorrer ao sistema público e realizar um aborto “totalmente gratuito, mas talvez por falta de informação preferem as clínicas privadas para procederem ao encaminhamento”, alerta a gestora da maior clínica privada em Portugal especializada na realização de abortos. “Recebemos cerca de vinte mulheres encaminhadas por hospitais públicos, mas a maioria das mulheres açorianas são enviadas por clínicas privadas. Acho que é uma falta de informação, porque a lei em Portugal permite à mulher usufruir de um aborto gratuito. Apenas necessita de ser observada pelo Hospital da área de residência”, esclarece a directora da Clínica dos Arcos. Yolanda Hernandez revela, ainda, que em Portugal Continental “oitenta por cento das mulheres ser encaminhas pelos Hospitais, enquanto nos Açores ocorre o contrário”. As causas para esta situação poderá estar relacionada com a “falta de informação ou a necessidade de procurar o sigilo de uma clínica privada”, reitera. Os custos da realização de um aborto, para quem é encaminhada por uma clínica privada, é de 375 euros, com anestesia local, ou 475 euros, com anestesia geral. “O preço inclui todas as consultas prévias ”, conta. A diferença é que a mulher que recorrer ao serviço público para efectuar o aborto será apoiada em todas as despesas, incluindo deslocações e estadia no continente, enquanto as mulheres que recorrem a clínicas privadas “precisam de apresentar os comprovativos das despesas originais no centro de saúde para serem reembolsadas de acordo com a tabela em vigor”, assegurou Domingos Cunha, secretário regional dos Assuntos Sociais, garantindo total confidencialidade nestes processos. A realização de uma intervenção cirúrgica para abordar demora, em média, dez minutos. “O aborto é rápido e seguro. A mulher depois de algumas horas de descanso poderá sair da clínica no mesmo dia”, garante Yolanda Hernandez. Quando sair da clínica a mulher poderá fazer a sua vida normal, sendo que o único aconselhamento é evitar a prática de relações sexuais por quinze dias. Mas, para entrar na sala de operações as mulheres necessitam de realizar uma ecografia e análises, para além de uma consulta com um ginecologista, médico de clínica geral e uma entrevista com um psicólogo e assistente social.