Açores vão intervir na República para reduzir idade de reforma dos estivadores
24 de ago. de 2022, 16:25
— Lusa/AO Online
À saída de uma reunião com a direção do
Sindicato dos Trabalhadores Portuários do Grupo Oriental dos Açores, em
Ponta Delgada, Berta Cabral recordou que a reivindicação da antecipação
da idade da reforma para os trabalhadores portuários “é uma
reivindicação nacional, também dos Açores”, e que “este processo está em
curso com o Governo da República” desde 2016.A
secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas foi
sensível “às razões e pretensões dos trabalhadores face ao tipo de
profissão que têm, ao desgaste e dificuldade manifestada em exercer
algumas funções a partir de uma certa idade”.A
governante recordou que, até 1999, havia uma idade de reforma mais
baixa para os trabalhadores portuários, o que foi posteriormente
alterado.“Passados todos estes anos, já a
idade avançou bastante, as pessoas que estão a trabalhar na estiva têm
neste momento muito mais idade do que tinham quando houve a grande
reforma do setor na década de 90 e estão de novo a colocar em cima da
mesa uma situação que tem a ver com a dificuldade de exercer algumas
funções”, declarou Berta Cabral.A
secretária regional pretende saber junto do Governo da República e da
Segurança “qual é o ponto de situação deste trabalho, desde 2016, ainda
com a ministra Ana Paula Vitorino”, bem como saber o que “foi feito e
que evolução teve”.A titular da pasta das
Infraestruturas referiu que, de acordo com a OPERPDL – Sociedade de
Operações Portuárias de Ponta Delgada, Lda, “cerca de 30% dos
trabalhadores portuários têm baixas frequentes”.Este
é “já é um número significativo, o que faz efetivamente repensar que os
portos têm que continuar a operar com eficácia e eficiência e ter
pessoas a 100% em condições para trabalhar”, frisou a secretária
regional.Por seu lado, o dirigente do
Sindicato dos Trabalhadores Portuários do Grupo Oriental dos Açores,
César Viveiros, mostrou-se satisfeito com a reunião e tem “esperança que
[Berta Cabral] vai procurar dentro dos possíveis, e do que é possível a
nível regional, uma solução para antecipar a idade da reforma".
O responsável referiu que os trabalhadores estão com uma idade “de
certa maneira já bastante avançada e exercem um tipo de serviço
desgastante e perigoso, sujeito a diversas adversidades”.Os
trabalhadores portuários, que vão para a reforma aos 66 anos, pretendem
antecipar a sua saída, mas não têm uma idade definida, segundo César
Viveiros."Ninguém está a ver trabalhadores
com 65 anos em cima dos navios na região”, disse, tendo sugerido os 60
anos como potencial idade de reforma.O
dirigente sindical referiu que, “dos 27 trabalhadores mais antigos, só
dois não tiveram acidentes de trabalho e alguns [tiveram acidentes] por
diversas vezes”.Neste momento existem 38 estivadores ao serviço no porto de Ponta Delgada.