Açores têm cerca de 320 crianças institucionalizadas
20 de nov. de 2017, 19:26
— Lusa/AO online
“Neste
momento, acolhidas em instituições serão à volta de 320, (…) um número
que significa neste momento menos de metade daquilo que era há sete,
oito anos atrás”, adiantou Isabel Rodrigues, em Ponta Delgada, onde
participava num seminário para assinalar o 28.º aniversário da Convenção
sobre os Direitos da Criança.A
responsável assegurou que a região contribuiu “para a diminuição desses
números” com um “maior investimento na educação parental” e na
“intervenção nas infraestruturas de acolhimento”.“Hoje
em dia ninguém tira uma criança [aos pais] de ânimo leve e é uma
decisão que, salvaguardadas as situações de emergência em que é preciso
proceder à retirada imediata, não ascendem aos 20 casos anuais”,
precisou.Segundo
Isabel Rodrigues, com exceção daqueles casos de emergência, “as
crianças são retiradas depois de feito algum trabalho com as famílias”.A
maioria das crianças que é retirada às famílias prende-se, “sobretudo,
com a negligência” sendo que a pobreza “é um fator de risco, mas não um
fator de perigo”.Esta
negligência pode ser nos cuidados de saúde, de higiene, “indiferença
afetiva, humilhação, maus-tratos físicos ou psicológicos”, referiu.A
presidente do Comissariado dos Açores para a Infância defendeu ainda
“uma regulamentação mais atrativa” para as famílias de acolhimento, para
evitar a institucionalização de menores.“Os
apoios não chegam aos 400 euros e estão sujeitos a um regime fiscal e
de contribuições para a Segurança Social que, naturalmente, não permitem
muitas vezes às famílias serem verdadeiramente compensadas pelos
esforços que fazem”, justificou.Isabel
Rodrigues adiantou que nos Açores “são decretadas entre 10 a 12 adoções
por ano”, recusando que o problema esteja numa demora do processo
jurídico.“Temos
um sistema muito avançado e muito evoluído. Do ponto de vista jurídico
neste momento estão criadas todas as condições para que um processo de
adoção corra de forma célere e expedita. Julgo que os constrangimentos
se identificam por um lado ao nível do momento em que tomamos a decisão
de que o encaminhamento adequado daquela criança é a adoção e a outra
vertente da questão tem a ver com o perfil da criança desejada”,
considerou a responsável.