Açores têm 525 professores com contrato há três anos consecutivos
5 de jan. de 2018, 17:30
— Lusa/AO online
“Nós,
na região, temos uma política muito clara: sempre que individualizamos
uma necessidade permanente do sistema educativo regional a ser suprida
por um professor contratado, abrimos uma vaga, caso contrário,
efetivamente não o fazemos. Cremos que essa é a melhor forma de gerir
pessoal, porque dota as nossas escolas dos recursos humanos
indispensáveis e porque evita a existência da praga dos horários zero,
que se multiplicam noutras paragens”, adiantou.Avelino
Meneses falava aos jornalistas em Angra do Heroísmo, no final de uma
audição na Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da
Região Autónoma dos Açores (ALRAA), onde se pronunciou sobre uma petição
promovida pelo Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA)
contra a não aplicação na região da diretiva europeia que prevê a
integração nos quadros de docentes com contratos sucessivos.O
sindicato alega que os docentes dos Açores são discriminados, em
comparação com os colegas em funções no continente português ou na
Madeira, onde já foram aplicadas medidas para limitar o número de
contratos sucessivos. No
entanto, Avelino Meneses considera que o executivo açoriano não está a
infringir a diretiva europeia porque, entre 2014 e 2016, abriu concursos
para a integração de 300 docentes nos quadros.“O
Governo crê que não está efetivamente a infringir nenhuma diretiva
europeia e, aliás, para o cumprimento dessa diretiva europeia já
procedemos à abertura de muitos concursos, nomeadamente, uma série de
três concursos extraordinários, que se destinaram exatamente a suprir
todas as necessidades permanentes do sistema educativo com professores
do quadro. Vivemos numa sociedade democrática, num estado de direito.
Sobre o mesmo problema pode haver as mais diversas interpretações e há
obviamente instâncias capazes de dirimir essas diferenças”, salientou.Segundo
Avelino Meneses, há 822 docentes contratados com horários completos, a
suprir necessidades transitórias, que substituem professores do quadro
em exercício de funções temporárias, como cargos na política, em
sindicatos, em conselhos executivos e em programas pedagógicos. Questionado,
em comissão, sobre o número de docentes com contratos sucessivos há
mais de três anos, o secretário disse que existiam 525 nessa condição,
mas considerou que, face à “constante redução do número de alunos”, só
um acesso antecipado à aposentação dos professores mais velhos, “que não
se encontra ao alcance da região”, poderia permitir a abertura de mais
vagas nos quadros.O
secretário regional da Educação foi ouvido também sobre uma petição,
promovida pelo Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), que
defende a alteração do estatuto da carreira do docente, para que passe a
ser contabilizado o tempo de serviço docente para todos os efeitos
legais dos educadores de infância a prestar serviço em creches. Avelino
Meneses disse, no entanto, que o executivo não está na disposição de
reabrir a discussão sobre o estatuto da carreira docentes, apenas para
incluir esta questão.“O
tempo dos educadores em creche já é contabilizado em processo de
concurso. Queria-se agora uma consideração mais geral. O tempo certo
para discutir este problema teria sido há dois anos quando nós
discutimos o estatuto da carreira docente”, frisou.