Açores têm 101 filarmónicas com um “valor cultural inestimável”
2 de set. de 2022, 08:27
— Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, o professor no
Conservatório de Ponta Delgada, que também dirige a Filarmónica Lira
Nossa Senhora da Estrela, da freguesia da Candelária (concelho de Ponta
Delgada), realçou que, além da “função artística”, as filarmónicas
“assumem um papel social de prevenção e inclusão de enorme relevo”.“Considero
que o trabalho das bandas filarmónicas tem um valor cultural
inestimável. É fundamental não deixar de apoiar e de investir nas nossas
filarmónicas, que precisam de ser acarinhadas, mais do que nunca”,
afirmou.Roberto Martins lembrou os
“benefícios do estudo da música” para crianças e jovens, já demonstrados
cientificamente, ao nível do “trabalho em grupo, expressão,
memorização, concentração, postura, atitude, autoestima e coordenação”.“As
escolas de música das bandas filarmónicas desempenham uma função
cultural e social de grande relevância ajudando a desenvolver nas
crianças e jovens os quatro pilares da aprendizagem ao longo da vida:
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a
ser”, destacou.Conforme avançou à Lusa a
Secretaria Regional da Educação e Assuntos Culturais, existem 101
filarmónicas nos Açores: uma em Santa Maria, 35 em São Miguel, 24 na
Terceira, 14 em São Jorge, quatro na Graciosa, 13 no Pico, oito no
Faial, uma nas Flores e outra no Corvo.O
mesmo departamento governamental revelou que o apoio regional às
sociedades recreativas e filarmónicas atingiu cerca de 185.700 euros em
2022, o valor mais alto dos últimos três anos (em 2021 foram 155.200 e
em 2020 o apoio foi de 120.400 euros).Lembrando
que o arquipélago tem cerca de 236 mil habitantes, Roberto Martins
destacou que os “Açores são a região do país com mais bandas por
quilómetro quadrado, mantendo viva uma prática que vem desde o século
XIX”."A existência de uma banda filarmónica é extremamente importante para uma freguesia", apontou.Para
o licenciado em Educação Musical, com mestrado em Ensino da Música, as
bandas filarmónicas são as “principais escolas de música do país”,
levando muitos jovens a ingressar nas academias e conservatórios para
“aprofundar conhecimentos”.“Costumo
referir que ao aprender a arte da música e ao aprofundar os seus
conhecimentos essas crianças e jovens têm mais escolhas de oferta de
emprego no futuro”, reforçou.Nos Açores, o
Conservatório Regional de Ponta Delgada é o único que funciona como
unidade orgânica, uma vez que os conservatórios de Angra do Heroísmo e
da Horta estão integrados em escolas de ensino regular.Além
dos conservatórios, na ilha de São Miguel, a Academia da Lagoa e a
Academia de Música da Povoação também se dedicam ao ensino musical.Para
enaltecer o trabalho desenvolvido pelas filarmónicas, Roberto Martins
dá o exemplo do Conservatório de Ponta Delgada, onde a “maioria dos
alunos de sopros vem das escolas de música das bandas filarmónicas”.“As
filarmónicas assumem a função do ensino da música nas freguesias onde
estão inseridas, chegando muitas vezes a locais onde os conservatórios
e/ou academias não conseguem chegar. Em todas as ilhas dos Açores
existem bandas filarmónicas”, concluiu.