Açores quer aumentar parceria empresarial com Cabo Verde através do agronegócio
16 de nov. de 2021, 15:31
— Lusa/AO Online
Iniciado em 2018, o
projeto de cooperação entre Açores e Cabo Verde, denominado “Semear,
Colher e Vender”, teve um ligeiro atraso por causa da pandemia da Covid-19, mas já começou a dar frutos, conforme foi avançado num
‘workshop’, realizado na cidade da Praia. Com
financiamento de fundos da União Europeia em 100 milhões de escudos
(906 mil euros), tem como objetivo o fortalecimento das relações dos
Açores com Cabo Verde, do ponto de vista institucional, comercial,
cultural e social, combate à pobreza e exclusão social nos dois
territórios. Pretende ainda combater e
mitigar os efeitos das alterações climáticas e ambientais, promoção dos
Açores enquanto destino turístico, mas também um meio de chegar a todos
os países africanos com ligações a Cabo Verde.O
presidente da Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural
(ASDEPR) dos Açores, Carlos Ávila, destacou a importância do projeto
para os dois arquipélagos, indicando que vai formar mais de 170
agricultores, fruticultores e floricultores cabo-verdianos.Para
o mesmo responsável, o projeto “Semear, Colher e Vender” vai aumentar o
intercâmbio empresarial e económico entre os Açores e Cabo Verde. Em
Cabo Verde, o parceiro é a Associação Comercial, Agrícola, Industrial e
de Serviços de Santiago (ACAISA), cujo presidente, Felisberto Veiga,
indicou que já foi instalado um campo experimental em Santa Catarina de
Santiago, numa área de quatro hectares (40 mil metros quadrados), com
uma estufa com rega gota a gota.Também foi
feita uma perfuração a 200 metros de profundidade, com capacidade
diária de extrair 80 toneladas de água, e o grande objetivo, disse o
mesmo responsável, é desenvolver o mundo rural e ter um campo
experimental em cada município do país.Presente
também na abertura do ‘workshop’, a diretora regional do
Desenvolvimento Rural dos Açores, Emiliana Silva, sublinhou as muitas
semelhanças entre os dois arquipélagos, entendendo que o projeto poderá
facilitar a mobilidade de empresários, as trocas comerciais e promover
parcerias.Por seu lado, o embaixador de
Portugal em Cabo Verde, António Albuquerque Moniz, também enalteceu a
“grande relevância” do projeto, considerando que poderá ser “muito bem
aproveitado” pelo país africano.Realçando a
relação económica com Cabo Verde, o diplomata indicou que Portugal é o
principal exportador e investidor em Cabo Verde, em que mais de 2.500
empresas exportam para o arquipélago, mas manifestou a vontade de ver
mais dos Açores a fazer o mesmo.O
secretário de Estado da Economia Agrária, Miguel da Moura, disse também
que se trata de um projeto “muito relevante”, incidindo sobretudo para
uma agricultura voltada para o rendimento, geração de bens, empregos
dignos e bem remunerados e “criar condições para melhorar a participação
da economia agrária na formação da riqueza”.O
objetivo é a “aposta numa gestão criteriosa da água e também na
produção de produtos agrícolas de alto valor económico”, apontou Miguel
da Moura, para quem a iniciativa vai reforçar a capacidade técnica dos
agricultores de Santiago, mas quer também que chegue a outras ilhas de
Cabo Verde.