Autor: Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV) dos Açores, Cláudio Lopes, admitiu que 2025 será um ano “muito bom, quer em termos quantitativos, quer em termos qualitativos”.
“Relativamente àquela que era a nossa previsão de colheita para 2025, que era substancialmente superior à colheita de 2024, nós apontámos, em devido tempo, um aumento de 120 a 130%, relativamente à colheita de 2024. E, por aquilo que nos vamos apercebendo, decorrida que é uma semana de vindimas na região, tudo aponta para que isso se cumpra, que essa previsão seja atingida”, disse.
Em 2024 verificou-se uma quebra de cerca de 50% face a 2023, devido a doenças e aos ataques das aves, tendo sido produzidas 275 toneladas de uvas.
“Estamos em presença de um ano bem melhor do que os últimos quatros anos, em termos de quantidade e de qualidade da produção. Digamos que o nosso último ano bom tinha sido 2019. A partir daí tivemos um ciclo de quatro a cinco anos relativamente maus, por vários fatores, climatéricos e também de ataque de doenças e de pragas”, lembrou.
Nesta época, a região está “em presença de um ano bem melhor”, disse o dirigente, que espera que a previsão se concretize até ao final da vindima que começou na semana passada.
O verão “tem corrido bem” para o setor e o estado sanitário das uvas já recolhidas é “muito bom”, disse, indicando que as previsões apontam para uma produção de 500 a 600 toneladas.
“E, se o verão decorrer do modo como tem decorrido até agora, podemos ter um ano de qualidade também excecional. Por isso estimo que seja um ano muito bom, quer em termos quantitativos, quer em termos qualitativos”, concluiu.
Na região verificou-se, uma vez mais, a antecipação das vindimas, devido a preocupações dos produtores relacionadas com o ataque das pragas, nomeadamente das aves.
Porém, alguns produtores já introduziram “algumas práticas de acautelamento das produções, nomeadamente protegendo algumas parcelas com redes e usando outros mecanismos de equipamentos sonoros e tudo o que podem fazer para afugentar as pragas relacionadas com as aves”.
A falta de mão-de-obra no setor também é evidente, mas, segundo Cláudio Lopes, as pessoas vão contornando a situação com ajudas de amigos e de familiares e recrutando alguma mão-de-obra disponível, e isso não é preocupação neste momento.
A região produz maioritariamente vinhos brancos, mas também tintos, rosés, espumantes e tem um nicho “especial e muito particular” de licorosos, onde sobressai “o Czar, que é um vinho muito particular e único no mundo”, segundo o responsável.
O arquipélago açoriano possui três regiões demarcadas de produção de vinhos de Denominação de Origem (Pico, Graciosa e Biscoitos - ilha Terceira) e todas as ilhas são abrangidas pela Indicação Geográfica Açores.
Atualmente, existem no território 33 produtores, 92 marcas comerciais e 156 referências.
A paisagem da cultura da vinha do Pico é um sítio classificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) desde 2004.