Açores/Eleições: Quase 4.000 graciosenses elegem três deputados para o parlamento regional

3 de out. de 2020, 10:21 — AO Online/ Lusa

Com um município e quatro freguesias, a Graciosa é a segunda ilha mais pequena dos Açores, com uma área que se estende por 60,65 quilómetros quadrados. Não é, no entanto, a segunda ilha menos populosa da região. Os 4.217 habitantes que a Pordata conta em 2019 partilham bem o espaço, que tem uma densidade populacional de 70 habitantes por quilómetro quadrado.Em 25 de outubro, 3.936 graciosenses terão a oportunidade de escolher quem preenche três das 57 cadeiras do hemiciclo açoriano.Com menos 475 eleitores do que nas últimas eleições legislativas dos Açores, a ilha branca, à semelhança de outras ilhas, apresenta problemas demográficos de decréscimo e envelhecimento da população.Entre 2010 e 2019, perdeu cerca de 200 habitantes e, na região mais jovem do país, um indicador para o qual contribuiu, principalmente, a ilha de São Miguel, a Graciosa tem um índice de envelhecimento de 151 idosos por cada 100 jovens.Apesar do decréscimo populacional, é a segunda ilha com melhor índice sintético de fecundidade, com uma média de 1,4 filhos por mulher.O saldo natural melhorou no período de nove anos analisados pela Pordata, que revela que, em 2010, morreram 81 pessoas e nasceram 36, o que equivale a um saldo de -45, enquanto em 2019 nasceram 40 bebés, mas morreram 57 pessoas, o que contribuiu para uma melhoria do saldo natural, que foi de -17 no ano passado.Destaca-se, ainda, o decréscimo de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), que diminuiu de 444 pessoas, em 2010, para 261, em 2019, registando-se menos 183 beneficiários, num indicador importante na região com maiores índices de pobreza do país. Nos Açores, 10,2% da população beneficia do RSI, o que contrasta com 3% em todo o país.Os graciosenses são os açorianos com menos poder de compra. Esta é a segunda ilha com menos empresas não financeiras, surgindo acima da ilha do Corvo, e ocupa uma posição semelhante na tabela do valor acrescentado bruto dessas mesmas empresas.À semelhança das outras ilhas da região, a agricultura e a pesca são os setores que, historicamente, mais contribuem para a economia da ilha, embora os últimos anos mostrem um aumento do peso do turismo.Neste setor, e ressalvando que não há dados disponíveis para as ilhas de São Jorge e do Corvo, a Graciosa é onde se geram menos receitas totais nas dormidas por hóspede em alojamentos turísticos, com uma média de 88,7 euros, face à média regional de 112,5 euros.É também a ilha com os piores números em termos de saúde, já que, com apenas quatro médicos, tem 1.054 habitantes por médico, face à média de 278 habitantes por médico na região, para a qual contribuem positivamente as três ilhas com hospital (São Miguel, Terceira e Faial), e de 186 pessoas para cada um destes profissionais a nível nacional.Nas últimas eleições para o parlamento açoriano, em 2016, a taxa de abstenção registada a nível regional foi de 59,2%, tendo a Graciosa sido das ilhas com menor abstenção, com 45,1% dos eleitores a não se deslocarem às urnas.Na altura, a Graciosa foi responsável pela eleição de dois deputados socialistas e um do PSD.Este ano, em 25 de outubro, vão a votos oito forças políticas na ilha branca, sendo que o PS volta a apresentar José Ávila como cabeça-de-lista pelo círculo de ilha, assim como o PSD mantém João Bruto da Costa no topo da lista.A CDU (PCP/PEV) avança com Joana Fonseca, enquanto o BE tem como cabeça-de-lista Humberta Brites Araújo e o CDS-PP Fernando Melo.O círculo eleitoral da Graciosa conta ainda com a candidatura do PPM, encabeçada por Luís Picanço, do MPT – Partido da Terra, com Daniel Gomes, e o Chega, estreante nas eleições regionais, que apresenta Roberto Pires.Nas anteriores legislativas açorianas, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.