Açores/Eleições: PSD condena "aproveitamento político" do PS ao candidatar rosto da Autoridade de Saúde
5 de out. de 2020, 10:45
— AO Online/ Lusa
Tiago Lopes, governante, é diretor regional da Saúde e é também o rosto da Autoridade de Saúde dos Açores, tendo durante meses 'entrado em casa' dos açorianos por via dos pontos de situação diários da covid-19. O responsável concorre agora como número dois do PS pela ilha Terceira.Para o líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, tal representa um "aproveitamento" dos socialistas de um "certo protagonismo" que Tiago Lopes almejou durante a pandemia."É notoriamente um aproveitamento político. Mais evidente não pode ser. Isto é vantajoso para a maturidade orgânica dos órgãos de governo próprio da região, da autonomia e democracia dos Açores? Penso que não", considerou o social-democrata, em entrevista à agência Lusa.Bolieiro reconhece que, no sufrágio de dia 25, há "manifestamente o risco" de os açorianos, particularmente os mais "fragilizados", se lembrarem mais da atuação do executivo do PS no combate à pandemia do que na atuação noutras áreas."Há manifestamente esse risco de as pessoas mais fragilizadas, que procuraram proteção nas orientações políticas e de saúde pública, encontrarem no poder uma salvaguarda. (...) Isso penaliza as oposições que se querem afirmar como alternativas. Isto não pode ser considerado uma desculpa, é uma constatação", concretiza o candidato, número um do PSD pela ilha de São Miguel e aspirante a presidente do Governo dos Açores.O PSD/Açores tem no seu programa político para as eleições o desígnio de "desgovernamentalizar" a região, e, à Lusa, Bolieiro sustenta que, "passados 44 anos de autonomia, o caminho é de a favor da descentralização e da parceria, da corresponsabilização"."Quero demonstrar que há outro caminho para conquistar outros resultados e objetivos que nesta fase, de 24 anos de governação do PS, não revelam progresso significativo", declarou ainda.Questionado sobre uma eventual dispersão de votos pelas várias forças políticas da oposição, afirmou: "A concentração do voto no PSD para afirmação da alternativa, para garantir uma alternativa, é vantajosa em vez de uma dispersão pelos partidos de protesto. Mas devo dizer como democrata que aceito a pluralidade de opinião".Bolieiro abandonou a liderança da Câmara de Ponta Delgada já este ano, embora mantenha o mandato suspenso de forma "simbólica", reiterou à Lusa."Não estou neste projeto político por uma questão de ambição pessoal. Saí de uma zona de conforto para cumprir uma missão", disse, sustentando que, quando assumiu o mais recente mandato na maior autarquia açoriana, estava "longe de assumir" a intenção de concorrer às regionais deste ano."As circunstâncias é que se alteraram", insiste, garantindo que, à época da suspensão, não estava previsto o regresso a Ponta Delgada, o que agora volta a dizer."Assumirei aquele que for o mandato que o povo me atribuir", acrescenta o líder dos sociais-democratas açorianos.O programa político do PSD para as eleições regionais nos Açores, apresentado no final de setembro, assenta em quatro eixos estratégicos, defendendo uma desgovernamentalização e descentralização da região, a par de maior liberdade e independência e avanços no campo digital.No que se refere ao segmento da desgovernamentalização, é defendido um equilíbrio da "distribuição dos fundos europeus entre os setores público e privado", sinalizando o partido que as pequenas e médias empresas (PME) da região "asseguram 70% do emprego e recebem 20%" dos fundos comunitários.Nas eleições regionais açorianas existem nove círculos eleitorais, um por cada ilha, mais um círculo regional de compensação que reúne os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.