Açores e Santa Catarina destacam educação e cultura no reforço da identidade açoriana
12 de mar. de 2019, 21:00
— Lusa/AO Online
“Este Estado para nós é
particularmente importante, porque lá habitam açorianos e açorianas de
grande ligação aos Açores. São açorianos de quarta, quinta e sexta
geração. Algumas gerações de há 270 anos e o que é interessantíssimo
neste Estado brasileiro de Santa Catarina é que são açorianos que
assumem ser açorianos. Desejam e têm orgulho em ser açorianos”, afirmou o
secretário regional Adjunto da Presidência para as Relações Externas.Rui
Bettencourt falava aos jornalistas, após ter reunido em Ponta Delgada,
ilha de São Miguel, com a presidente da Fundação Catarinense de Cultura,
Ana Lúcia Coutinho, e a superintendente da Fundação Cultural de
Florianópolis “Franklin Cascaes”, Roseli Maria Pereira.Salientando
que se tratam de duas instituições culturais de “grande dimensão e
importância” em Santa Catarina, o governante sustentou que a estratégia
para reforçar "a açorianidade" naquele estado brasileiro "passa muito
pela educação".“Passa pela presença dos
Açores nas escolas, pela divulgação da cultura açoriana”, acrescentou
Rui Bettencourt, reforçando que aquelas duas instituições culturais
"estão a colocar a questão nestes termos" e, como tal, desenvolvem "cada
vez mais ações nas escolas de difusão da cultura e da identidade
açoriana".O secretário regional referiu
que há também a questão dos intercâmbios económicos que necessitam de
ser reforçados, nomeadamente no turismo e, até noutras áreas, mas frisou
que esta questão "cultural e identitária açoriana é muito importante".No
ano passado, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro,
visitou Santa Catarina, estado brasileiro que declarou 2018 como "Ano
dos Açores em Santa Catarina", onde, entre 1748 e 1754, desembarcaram os
primeiros emigrantes da região autónoma.“E
estar-se em Santa Catarina é estar-se no meio daquilo que é açoriano
com grande apego aos Açores. Gostei muito de ouvir hoje das responsáveis
que há um movimento na sociedade. Não são episódios isolados, são
movimentos na sociedade de fundo que afirmam a ligação aos Açores,
nomeadamente os jovens. E isso é muito interessante”, lembrou ainda Rui
Bettencourt.Para a superintendente da
Fundação Cultural de Florianópolis “Franklin Cascaes”, Roseli Maria
Pereira, é importante também potenciar "os intercâmbios culturais" entre
o arquipélago e o estado brasileiro. "Temos
procurado através da Casa dos Açores de Santa Catarina, em conjunto com
o Governo açoriano e Prefeitura Municipal de Florianópolis, fortalecer
estas relações através de projetos com trabalhos académicos e
comunitários, com mestres, artesãos e com produtores culturais que
venham a reconhecer, a disseminar e a criar uma relação de pertença
entre munícipes, comunidade e até artistas e produtores culturais",
sublinhou.A presidente da Fundação
Catarinense de Cultura, Ana Lúcia Coutinho, realçou o incremento dos
intercâmbios culturais “também como fortalecimento para o turismo”. "Antigamente
os intelectuais de universidades e pesquisadores é que apontavam, por
exemplo, que a Festa do Divino Espírito Santo é importante. Hoje é a
sociedade civil que diz que essa festa é importante como identidade
cultural e pretende que essa festa seja reconhecida pelo Estado",
explicou.