Açores e Madeira podem explorar ainda mais o seu potencial com nova estratégia da UE
27 de out. de 2017, 09:35
— Lusa/AO Online
Em
entrevista à Lusa em Caiena, Guiana Francesa, à margem da XXII
Conferência das Regiões Ultraperiféricas (RUP), Corina Cretu apontou que
Açores e Madeira são hoje “destinos turísticos muito importantes”, mas
podem e devem investir noutras áreas, como a investigação, incluindo
tecnologia espacial, crescimento azul, economia verde, energias
renováveis, mobilidade e modernização do setor agroalimentar, algo que,
sustentou, é incentivado pela nova estratégia da UE.Ao mesmo
tempo, enfatizou, Açores e Madeira devem apostar forte na Educação, pois
“entre os grandes problemas que estas regiões enfrentam contam-se uma
taxa de desemprego jovem muito elevada, baixos níveis de qualificação e
um elevado nível de abandono escolar”.A comissária, que esta
semana apresentou a comunicação da Comissão intitulada “Uma parceria
renovada e mais forte entre a União Europeia e as Regiões
ultraperiféricas”, defendeu que esta nova estratégia, principal tema em
discussão na conferência de Caiena, “é agora muito focada nos problemas
concretos das regiões” e, uma vez implementada, ajudá-las-á a “potenciar
aquilo que muitas vezes é visto como uma desvantagem”. “Criámos
uma plataforma para as nove regiões e, após os debates desta semana,
começaremos a trabalhar para implementar esta estratégia, a par uma
‘task force’ para cada região, porque todas têm desafios comuns mas cada
região é única, pelo que é necessário ter uma abordagem à medida de
cada uma. Queremos que esta estratégia tenha o máximo impacto na
população destes territórios, e estamos a falar de cerca de 5 milhões de
cidadãos”, disse.Lamentando que a taxa de absorção dos fundos
europeus por parte das regiões ultraperiféricas seja particularmente
baixa, Cretu disse que a Comissão quer “ajudá-las a aplicar o dinheiro
que lhes foi alocado pela União Europeia”, mas frisou que grande parte
da responsabilidade cabe aos Estados-membros e às regiões em particular.“Sou
muito franca com todos os presidentes (das RUP): desta vez não pode ser
'business as usual' (tudo como sempre), temos de lutar por esta
política e o melhor argumento para defendê-la é mostrar projetos no
terreno”, advertiu.Segundo a comissária, a comunicação agora
apresentada “é muito boa porque pela primeira vez estabelece quem faz o
quê, o que cabe à Comissão Europeia e qual a parte das regiões”, já que
“até agora, era uma espécie de 'jogo da culpabilização', com toda a
gente a esperar tudo de Bruxelas”, quando o papel da Comissão é de ser
facilitadora, e “não fazer projetos desde Bruxelas”, sendo essa “uma
responsabilidade a 100%” dos Estados-membros e regiões.