Açores e Madeira dizem haver condições para um acordo numa Lei das Finanças Regionais justa
17 de jul. de 2023, 16:29
— Lusa
A
ideia foi transmitida, no Funchal, pelos presidentes dos governos
regionais das duas regiões autónomas, após uma reunião com o coordenador
do grupo de trabalho para a revisão da Lei das Finanças Regionais
(LFR), Paz Ferreira, que contou com a presença dos secretários das
Finanças dos dois executivos.“Em boa hora o
Governo dos Açores e da Madeira entenderam recorrer ao Prof. Paz
Ferreira para, como verdadeiro ‘Pai’ da primeira Lei das Finanças das
Regiões Autónomas, uma lei boa, que depois foi desvirtuada com as
diferentes revisões em baixa, com prejuízo para as regiões autónomas e
sem benefício para o país”, declarou o líder açoriano, José Manuel
Bolieiro (PSD), aos jornalistas após o encontro de várias horas na
Quinta Vigia (presidência do Governo Regional da Madeira).O
chefe do executivo dos Açores destacou a importância deste projeto
conjunto ter “a cobertura de quem fez bem, conhece o ponto de vista
técnico, científico, uma solução que seja boa para o país e faça justiça
às duas regiões autónomas no quadro de um relacionamento financeiro
entre o Estado e as regiões autónomas”.Para
o governante, a credibilidade académica inquestionável de Paz Ferreira
também potencia, neste processo de revisão, “um relacionamento menos
hostil entre as regiões autónomas e a República”.José
Manuel Bolieiro salientou que o objetivo é ter uma revisão da Lei das
Finanças Regionais “justa para desenvolver os Açores e a Madeira, com
potencial de desenvolvimento para o país”, porque os arquipélagos
“acrescentam muito ao país” e estão “mais virados para o futuro do que
agarrados ao passado”.“Não podemos deixar
de sinalizar que hoje estamos em prejuízo. Temos razão de queixa e tem
sido injusta esta diminuição de recursos do Estado para o
desenvolvimento dos Açores e da Madeira em áreas tão fundamentais como a
Educação e a Saúde”, frisou.O governante
açoriano considerou ser “inaceitável” haver um país com duas
velocidades, que tem “um compromisso de desenvolvimento e coesão social e
territorial diferenciado para o continente e em relação aos Açores e à
Madeira”“É esse trabalho pela justiça, pelo equilíbrio, pelo desenvolvimento económico e pelo futuro que estamos a fazer”, sublinhou.O
chefe do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, corroborou desta
posição, salientando que existem neste momento “condições para
estabelecer uma plataforma de entendimento e um acordo transversal aos
partidos sobre as questões fundamentais para o futuro”.Para
o líder social-democrata madeirense, a Lei de Finanças Regionais “está
ultrapassada, do ponto de vista da evolução do mundo”.“De
certa maneira é um anacronismo. Apesar de ser uma lei que na sua base,
na sua génese, estava muito bem feita, foi adulterada por alterações
introduzidas ‘à posteri’. Mas o que nos interessa é olhar para o
futuro”, sustentou.Miguel Albuquerque
sustentou que, com base na competência e credibilidade de Paz Ferreira,
estão reunidas as “condições para negociar com todas as forças políticas
e, em particular, no quadro do Governo da República, uma proposta
séria, consistente que faça com que seja reposta a justiça para com as
regiões e para com o país”.“O que não
podemos é continuar a assistir a uma disfuncionalidade intrínseca por
parte das responsabilidades da República relativamente às regiões
autónomas”, complementou o Albuquerque, considerando que este contexto
“é mau para o país e não é aceitável, do ponto de vista da coesão,
equidade e justiça, perante as populações residentes” nos arquipélagos.Segundo
o governante madeirense, as duas regiões vão apresentar “uma proposta
com uma base científica, consistente, que não é demagógica”, porque vai
“feita de forma séria e para ser uma lei que possa vigorar nos próximos
anos e abarque as novas gerações”.A
próxima reunião entre os governos regionais da Madeira e Açores sobre
esta matéria deve acontecer até final do ano no arquipélago açoriano,
informou Miguel Albuquerque.