Açores duplicaram número de pessoas em tratamento por dependências em 2021
31 de out. de 2022, 16:01
— Lusa/AO Online
“Até
2020, eram encaminhados para comunidades terapêuticas, sensivelmente,
30 e poucos utentes. Em 2021, constatámos que foram encaminhados 67
utentes. Duplicou”, avançou o diretor regional da Prevenção e Combate às
Dependências, Pedro Fins.A informação foi
divulgada no âmbito da apresentação do Plano Regional para a Redução
dos Comportamentos Aditivos e Dependências para o período 2021-2024, que
estará em consulta pública durante um mês.O
Governo Regional tem contratualizadas 47 camas em instituições de saúde
mental para o tratamento de dependências, nas ilhas Terceira e São
Miguel.O aumento registado em 2021 obrigou
à implementação de listas de espera, mas, questionado sobre a
possibilidade de reforço de camas, Pedro Fins defendeu antes a
necessidade de acompanhar os utentes fora das instituições.“Há
utentes que vão para comunidades terapêuticas, mas recaem muitas vezes e
têm sucessivos reinternamentos. Importa perceber que há utentes que
precisam de estar inseridos nos seus contextos e é necessário um reforço
das equipas de tratamento para dar um seguimento a utentes, que não têm
sucesso no tratamento em comunidades terapêuticas”, apontou.Os
Açores apresentam valores acima da média nacional no consumo de tabaco,
álcool e substâncias psicoativas, no inquérito aos jovens participantes
no Dia da Defesa Nacional, sobre comportamentos aditivos, referente ao
período entre 2015 e 2019.Segundo diretor
regional da Prevenção e Combate às Dependências, a pandemia de covid-19
provocou um aumento do consumo de drogas sintéticas, que “são
preocupantes”, com “maior incidência” na ilha de São Miguel.“O
maior controle fronteiriço impediu a entrada destas substâncias
clássicas e passaram a entrar as novas substâncias psicoativas. Os
consumidores arranjaram novas estratégias. Começaram a importar
substâncias, porque elas vindas pela internet separadamente são
líticas”, explicou.O Plano Regional para a
Redução dos Comportamentos Aditivos e Dependências integra ações no
âmbito da dissuasão, tratamento e reinserção dos consumos e
comportamento aditivos, mas tem como prioridade a prevenção, razão pela
qual arrancaram já no início do ano ações nesta área.“Entendemos
que não era possível perder mais tempo e que era necessário implementar
medidas e ações de intervenção, por isso muitas das medidas no âmbito
da prevenção já estão em prática”, adiantou o secretário regional da
Saúde e Desporto, Clélio Meneses, que tutela o Combate às Dependências.O
governante admitiu que “os Açores têm números preocupantes”, que
requerem uma “intervenção mais organizada, mais planeada e que seja
operacional”, em cooperação com associações, escolas e autarquias.“Se
os números são o que são, se a evidência demonstra o que demonstra, é
porque falhámos na prevenção. É preciso que se proceda a uma intervenção
mais capacitada e mais afirmativa ao nível da prevenção”, frisou.Em
2021, Clélio Meneses anunciou um aumento de 12% no valor das diárias
dos utentes internados nas instituições de saúde mental da região, que
não era atualizado desde 2008.O executivo
açoriano vai alargar esse aumento, em 2023, às 47 camas protocoladas
para tratamento de comportamentos aditivos nas mesmas instituições.“É
importante que o tratamento se faça com os meios adequados para ter o
respetivo sucesso, por isso, no próximo ano, vai haver um aumento de 11%
relativamente a este valor da diária”, afirmou.O secretário regional da Saúde apelou à participação na consulta pública e pediu compromisso aos adversários políticos.“É
importante que esta matéria não seja objeto de arremesso político. É
importante que haja um compromisso alargado da sociedade organizada aos
mais variados níveis inclusive político”, apontou.