“Apontamos
para essa possibilidade de termos aqui falsos positivos, a par dos
falsos negativos que tínhamos encontrado na região, o que de certa forma
vem efetivamente abonar a favor das unidades laboratoriais da região,
pelo facto de testarem e não ficarmos apenas e só satisfeitos com o
primeiro resultado que temos”, afirmou Tiago Lopes.O
responsável, que é também diretor regional da Saúde, falava, em Angra
do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto de Covid-19 nos Açores.Em causa estão três
casos que tiveram um primeiro resultado positivo na análise da infeção
pelo novo coronavírus e um segundo resultado negativo, num teste
feito depois de não ter sido detetado qualquer caso positivo nos
contactos próximos.Um destes casos foi
detetado no dia 22 de abril, numa análise de rastreio feita para
admissão no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, numa
criança de um ano.“Por via da
identificação dos contactos próximos que fizemos e de todos os testes
que realizámos, toda a envolvência da criança, do seu agregado familiar e
dos contactos mais próximos tiveram resultado negativo”, explicou Tiago
Lopes.O mesmo aconteceu com dois
reclusos, um homem de 49 anos e uma mulher de 56, que foram libertados
do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, ao
abrigo do perdão de penas, que tiveram um resultado positivo no dia 20
de abril.Segundo a Autoridade de Saúde
Regional, os dois ex-reclusos deslocaram-se mal saíram do
estabelecimento prisional, para a ilha de São Miguel, onde ficaram em
confinamento numa unidade hoteleira, sem qualquer contacto com o
exterior.A delegação de saúde de Angra do
Heroísmo testou perto de 400 contactos próximos, entre reclusos, guardas
prisionais e outros funcionários do estabelecimento prisional sem terem
detetado qualquer caso positivo, o que levou à suspeita de que se
tratasse de “falsos positivos”.“Atendendo a
que a sua libertação tinha ocorrido muito recentemente, era de
considerar essa possibilidade de serem falsos positivos, pelo facto de
terem saído há pouco tempo e de termos registado da sua positividade
aquando da chegada à unidade hoteleira”, salientou Tiago Lopes.Segundo
o responsável da Autoridade de Saúde Regional, os falsos positivos
ocorrem, tal como os falsos negativos, devido à “inconstância” do
“conhecimento da evolução do surto deste novo coronavírus, que é muito
recente” e devido à “especificidade e sensibilidade dos testes e da
carga viral”.Questionado sobre um quarto
caso na ilha Graciosa, que teve um primeiro resultado positivo, no dia
18 de abril, e um segundo inconclusivo, Tiago Lopes admitiu que também
“poderá ser” um falso positivo.“Algumas
amostras foram enviadas para o [Instituto] Ricardo Jorge. Estamos a
acompanhar, atendendo a que é um vírus recente e estamos todos a
aprender”, afirmou.O responsável da
Autoridade de Saúde Regional frisou, no entanto, que a existência de um
erro laboratorial na análise destes casos “não se pode colocar em cima
da mesa”, alegando que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge,
laboratório de referência em Portugal, disse já ter “registado casos
semelhantes”.“Quando estamos em
articulação com o Ricardo Jorge e o Ricardo Jorge, em estreita
colaboração com os laboratórios, corrobora todos os testes e toda a
análise que é feita, não há qualquer dúvida que possa ser suscitada
sobre a capacidade e sobre a qualidade do trabalho que é feito em
qualquer um das unidades laboratoriais, pelo contrário, pelo facto de
termos esta capacidade de detetar, de testar mais do que uma vez, e
aprender com aquilo que nos surge, acho que é de louvar e de saudar todo
este trabalho que é feito pelas duas unidades laboratoriais”,
sublinhou.Apesar de terem tido um segundo
resultado negativo, os três casos considerados “falsos positivos” vão
continuar em quarentena e deverão repetir os testes, de acordo com os
critérios de avaliação de casos recuperados na região, por “excesso de
cautela”.“Interessando-nos salvaguardar a
saúde pública, independentemente de se são falsos negativos ou falsos
positivos, irão fazer o seu período de 14 dias. Os critérios de cura
aplicam-se em qualquer um dos casos: passados os 14 dias, ter três dias
sem sintomatologia (febre ou sinais de infeção respiratória) e depois
então a realização de novos testes. Tendo um primeiro teste negativo e
um segundo teste negativo, reconfirmado após 24 horas, então aí sim
comunicamos a cura e a recuperação destes casos”, justificou o diretor
regional da Saúde.