Açores defendem políticas à medida dos desafios diários das ultraperiferias
Hoje 16:20
— Lusa/AO Online
“Mostrámos, mais uma vez, que as
Regiões Ultraperiféricas não são um detalhe da União Europeia. Somos
parte da solução e queremos que isso seja assumido com clareza no
próximo quadro financeiro”, disse José Manuel Bolieiro, que participou
em Bruxelas na jornada oficial que assinalou os 30 anos da Conferência
dos Presidentes das Regiões Ultraperiféricas (RUP).O
ponto alto foi a assinatura da declaração dos presidentes das RUP sobre
o Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034, “um documento que alerta para
o risco de retrocessos e pede à União Europeia uma abordagem mais
equilibrada e coerente com as responsabilidades e especificidades destes
territórios”, refere o Governo açoriano.Segundo
uma nota divulgada pelo Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM),
trata-se de um encontro entre os presidentes das RUP “centrado na
preparação das negociações europeias, na defesa do artigo 349.º do
Tratado e na necessidade de garantir instrumentos específicos e
financiamento adequado às regiões mais periféricas da União”.O
governante açoriano, citado na nota, sublinhou que o trabalho conjunto
reforçou a posição política das RUP no atual contexto europeu e destacou
a importância de manter o respeito pelo enquadramento jurídico que
protege estes territórios."Recordámos às
instituições europeias que o artigo 349.º não é um privilégio é um
instrumento para garantir justiça territorial. As nossas regiões
precisam de políticas feitas à medida daquilo que enfrentam todos os
dias”, disse, lembrando a distância aos mercados, a insularidade, os
custos de transporte, a vulnerabilidade ambiental e a responsabilidade
acrescida na vigilância das fronteiras externas.O
chefe do executivo açoriano destacou igualmente o papel decisivo das
RUP em áreas estratégicas para a Europa, da biodiversidade à autonomia
energética, passando pela economia do mar.“O
que pedimos é coerência. Se a Europa reconhece que temos
responsabilidades únicas, então essas responsabilidades devem ser
acompanhadas dos meios necessários. A sustentabilidade das RUP é
inseparável da sustentabilidade europeia”, defendeu José Manuel
Bolieiro.Com esta participação, "os Açores
reafirmaram o seu compromisso com uma Europa solidária, que trate de
forma justa quem enfrenta desafios específicos, e que reconheça o papel
das RUP na construção de soluções para o futuro europeu", lê-se ainda na
nota.A declaração conjunta será agora
transmitida oficialmente à Comissão Europeia, ao Parlamento Europeu e
aos Estados-Membros, numa fase em que se definem as prioridades
financeiras da União para a próxima década.A
Declaração assinada pelas nove RUP reúne "preocupações comuns" sobre a
proposta de Quadro Financeiro Plurianual para 2028-2034, alertando para
"o impacto que algumas das orientações da Comissão Europeia podem ter na
coesão, na agricultura, nos transportes e nos fundos estruturais",
adianta ainda. De acordo com o executivo
açoriano, "as RUP pedem que o próximo ciclo financeiro assegure
estabilidade, previsibilidade e uma abordagem realista às suas
necessidades, lembrando que o contributo destes territórios para a
Europa exige um compromisso recíproco das instituições europeias".O
texto reforça também a importância estratégica destas regiões para a
União: a gestão das fronteiras externas, as vastas áreas marítimas sob
responsabilidade europeia, a biodiversidade única e a vulnerabilidade
crescente aos fenómenos climáticos extremos.Os
trabalhos contaram também com duas mesas-redondas: uma dedicada à
evolução das políticas europeias para as RUP desde 1995 e outra focada
nos riscos e desafios colocados pela proposta do Quadro Financeiro
Plurianual (QFP) 2028-2034.