Açores criticam mudanças no subsídio de mobilidade que violam “princípio da igualdade
Hoje 15:57
— Lusa/AO Online
A secretária do
Turismo, Mobilidade e Infraestruturas disse à agência Lusa que o
executivo dos Açores emitiu um parecer negativo ao
projeto de portaria que regulamenta o Subsídio Social de Mobilidade
(SSM) apresentado pelo Governo da República.“É
negativo, em primeiro lugar, porque continua a manter os 600 euros como
teto da passagem suscetível de reembolso, com 300 euros em cada
‘one-way’ [ida]. Não só não concordamos com os 600, como não podemos
concordar com os 300 euros”, afirmou Berta Cabral.Nas
alterações propostas à portaria que regula o SSM, a que a agência Lusa
teve acesso, o Governo introduz uma “nova condição de
elegibilidade” ao apoio relacionada com a “regularidade da situação
contributiva e tributária do beneficiário perante a Segurança Social e a
Autoridade Tributária e Aduaneira”.O
diploma especifica, também, que o valor do teto máximo suportado pelo
subsídio é reduzido em 50% caso esteja em causa apenas uma viagem de
ida, o que no caso dos Açores é 300 euros (já que o valor máximo do
reembolso são 600 euros).“Como a
plataforma prevê que se possa pedir o reembolso no imediato, se essa
primeira viagem for superior a 300 euros, [o residente] já está a ter
prejuízo naquilo que é a diferença do limite máximo”, alertou a
governante.Segundo Berta Cabral, o Governo
dos Açores defende que a obrigação de o beneficiário ter a situação
fiscal regularizada para receber o subsídio “viola o princípio da
igualdade”, já que esse critério “não se verifica em mais lado nenhum do
país”, onde existem vários passes sociais de mobilidade em diferentes
tipos de transporte.“Isso viola o
princípio da igualdade e equidade em relação ao resto dos residentes no
nosso país. Além de violar esses princípios constitucionais na nossa
perspetiva, não estava previsto no decreto-lei”, reforçou.Para
Berta Cabral, “não só há violação de princípios constitucionais, como
há violação da própria hierarquia das leis”, uma vez que a portaria “vai
muito mais longe” do que o decreto-lei.A
secretária regional garantiu que o Governo dos Açores não estava
informado dessas alterações, apesar de ter existido um trabalho com a
República para o “aperfeiçoamento” da plataforma eletrónica, e prometeu
“fazer tudo” para reverter as mudanças.A portaria tem entrada em vigor prevista para 01 de janeiro de 2026.A
obrigação de regularização da situação contributiva para receber o SSM
já motivou críticas de várias forças políticas nos Açores e Madeira.O Conselho de Ministros aprovou uma alteração ao
decreto-lei que define um novo modelo para a atribuição do SSM, de forma
a assegurar a “não interrupção do serviço de atribuição do subsídio
após a entrada em funcionamento da plataforma eletrónica”, segundo o
comunicado do Governo.