Açores criam plano de ação de redução de problemas ligados ao álcool
6 de dez. de 2017, 19:06
— Lusa/AO online
"Este
plano está pensado em diferentes contextos: a família, a escola, o
contexto laboral, recreativo, desportivo, comunitário e espaços extremos
que são as prisões e as pessoas ligadas à justiça", adiantou, em
declarações aos jornalistas, a diretora regional da Prevenção e Combate
às Dependências.Suzete
Frias falava à margem da segunda reunião de 2018 do Conselho Regional
de Saúde, que dá hoje parecer sobre este e outros planos de promoção da
saúde nos Açores.Segundo
a diretora regional, o plano tem políticas integradas e intersectoriais
e inclui intervenções de promoção da saúde, prevenção, minimização de
riscos, tratamento e reinserção.Entre
os exemplos das ações previstas está um programa focado nas grávidas,
que pretende não só reforçar a mensagem de que não devem ingerir álcool
na gravidez, porque traz riscos para o feto, mas também promover
"competências em termos afetivo-emocionais, de maneira a sustentar e a
promover também a vinculação do bebé"."Está
provado pelas evidências científicas que a não vinculação da mãe, a
negligência, uma mãe ausente ou uma mãe menos atenta às necessidades do
bebé, com uma relação menos vinculativa, faz com que o bebé tenha
comportamentos que mais tarde podem ser fatores de risco das adições",
salientou Suzete Frias.Outro
dos programas integrados neste plano é o "Prevenir em família e na
comunidade", em que estão previstas sessões com pais, com crianças e em
conjunto, para "promover a relação e a dinâmica familiar". O
plano prevê também formação para equipas de intervenção e
comportamentos aditivos e dependências e para funcionários de casas de
acolhimento de jovens, bem como intervenções no âmbito da saúde escolar.
Segundo a
diretora regional, estão contempladas ainda ações de formação para
cuidadores e para idosos, não só para sensibilizar para os riscos do
consumo do álcool, mas para "treiná-los em competências de enfrentamento
de situações críticas na velhice que levam muitas vezes à adoção de mau
uso do álcool e até de medicação". No
Inquérito Regional de Saúde de 2014, 15% dos participantes admitiu ter
bebido diariamente pelo menos uma bebida alcoólica nos 12 meses que
antecederam a entrevista e 11% dos consumidores disseram ingerir cinco
ou seis copos de bebidas alcoólicas numa ocasião, três ou mais dias por
mês. Suzete
Frias disse, no entanto, que o mais grave não é a prevalência do consumo
de álcool, mas a quantidade consumida nos Açores, que está acima da
média nacional e está associada a doenças. "Em
termos de prevalências nas várias idades, estamos abaixo da média
nacional, onde estamos acima é nos anos potenciais de vida perdida,
devido a problemas relacionados com álcool. Apesar de beber menos gente,
quem bebe, bebe muito mais", frisou. O
Conselho Regional de Saúde analisou também o Plano Regional de
Alimentação Saudável, que prevê ações junto das escolas e de grupos de
risco com estratégias baseadas na literacia alimentar, na confeção de
alimentos e na alteração de hábitos de vida."O
Inquérito Regional com Exame Físico demonstrou que os Açores são a
região do país com maior número de diabetes, a segunda maior região do
país com hipertensão arterial e com o maior número de pessoas
sedentárias e obesas. Portanto queremos alterar esses fatores",
salientou a diretora regional da Saúde, Tânia Cortez.