Açores certificados como Sítio Património das Baleias
15 de fev. de 2023, 08:38
— Joana Medeiros
O arquipélago dos Açores, através da World Cetacean Alliance (WCA),
organização que tem o intuito de tornar mais sustentável a observação de
baleias e golfinhos selvagens, foi recentemente certificado como Whale
Heritage Site – Sítio Património das Baleias.De acordo com Ali
Bullock, presidente da Fundação Ocean Azores, responsável por esta
candidatura, esta é uma certificação internacional independente, que
representa “todos os locais do mundo que são considerados áreas
especiais para a conservação das baleias”, sendo esta uma candidatura
que envolveu vários fatores.Os primeiros passos para esta
certificação foram dados em 2021, depois de constituída a Fundação Ocean
Azores, fazendo com que os Açores sejam a primeira região de Portugal
certificada como Sítio Património das Baleias, sendo que também o
arquipélago da Madeira aguarda a sua certificação.Esta classificação
é também fruto das provas submetidas pela equipa responsável pela
candidatura, dirigida por José Azevedo, docente e investigador do
Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, onde constaram,
para além das leis em vigor no que à conservação de baleias nos Açores
diz respeito, os eventos desenvolvidos pela fundação, a forma como a
comunidade se envolve na conservação das baleias, e também os projetos
futuros, havendo ainda o compromisso de apresentar relatórios anuais à
WCA.“Tivemos que explicar a nossa relação com as baleias no passado,
e mostrámos que tínhamos uma história de caça à baleia mas que, depois
disso, desenvolvemos uma relação mais sustentável com elas,
desenvolvemos pesquisa e educámos. Tivemos que mostrar que temos toda
esta atividade a decorrer para a conservação de baleias e cetáceos”,
refere José Azevedo.Para a Fundação Ocean Azores, esta certificação é
uma forma de colocar o foco nos Açores e na sua forma de alcançar a
sustentabilidade dos oceanos. Coloca também alguma pressão no Governo
Regional, pois à medida que aumenta o turismo, é necessário que este
seja mais sustentável e que o impacto no oceano e nos cetáceos seja
estudado e acautelado de acordo com as conclusões alcançadas pela
ciência, uma vez que esta certificação mostra “o compromisso que os
Açores assumem com a conservação marinha”.Como tal, adianta Ali
Bullock, a Fundação Ocean Azores tem atualmente entre mãos alguns
projetos, nomeadamente o “The Golfino Comission”, que pretende averiguar
os impactos “que tem a atividade turística de nadar com golfinhos sobre
as várias espécies de golfinhos que residem nas águas dos Açores”,
iniciativa que se compromete também a “propor as soluções necessárias”.Outro
projeto da fundação intitula-se “Whale traking app: Google Earth”, que
tem como objetivo registar os avistamentos de baleias nos Açores através
do Google Earth e, com essa informação, desvendar as rotas migratórias
que as baleias fazem em todo o mundo, com recurso também aos dados da
Monicet, plataforma que agrega os registos feitos pelas empresas de
observação de cetáceos na sua atividade diária, através da qual os guias
anotam as espécies que observam, em que quantidade e em que posição.A
Fundação Ocean Azores pretende também que estes trabalhos sejam
desenvolvidos com os pólos universitários existentes nas ilhas,
pretendendo que, através das conclusões apresentadas pela ciência, se
tomem medidas adequadas para garantir a sustentabilidade das baleias e
cetáceos na Região, tendo em conta a quantidade de baleias que passam no
mar que banha as ilhas açorianas.“Cerca de 1/3 das espécies de
baleia de todo mundo são vistas nas águas dos Açores. (…) Precisamos que
todos se preocupem com as baleias tal como nós. Temos pessoas
apaixonadas por esta causa, mas precisamos que todas as pessoas nos
Açores sejam apaixonadas como nós”, conclui Ali Bullock. Fundação Ocean Azores pretende aumentar a proteção das baleiasA
Fundação Ocean Azores foi constituída por Ali Bullock, presidente do
Conselho de Administração, no dia 29 de Junho de 2021, com o objetivo de
aumentar a proteção de baleias e outros cetáceos que vivem no mar dos
Açores, bem como garantir a sua sobrevivência a longo prazo através do
financiamento e desenvolvimento de projetos. Neste caso, que incluem a
conservação marinha, a redução dos plásticos nos oceanos e a educação e
pesquisa relacionadas com a redução do seu uso, conforme se lê no
relatório de gestão da fundação. Entre os maiores contribuidores
alinhados com os valores desta fundação está a “Azores Getaways” e
marcas como “Baleia Gin”, “Medina Swimwear” e “What the Whale”.