Açores aprovam reforço de pagamento de horas extraordinários a médicos em urgência
7 de set. de 2022, 10:24
— Lusa/AO Online
“Esta
não é a solução para o SRS. Há 52 médicos já contratados por este
governo [PSD/CDS-PP/PPM]. Não são ainda suficientes, daí esta medida
transitória para reforçar o SRS”, justificou o secretário regional da
Saúde, Clélio Meneses, no plenário da Assembleia Legislativa Regional,
que começou hoje na Horta.O governante
assegurou estar em causa um “pressuposto de voluntariedade” dos médicos,
indicando que o valor base da remuneração é o da “primeira posição
remuneratória de assistente graduado sénior”, variando entre os cerca de
20 e os 58 euros, dependendo do dia e hora. O
diploma teve dois votos contra, dos dois deputados do BE, contando com
24 votos favoráveis do PS, 20 do PSD, dois do CDS, um do PPM, um do
Chega, um do PAN e um do deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega).A
Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na
atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM,
dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um
deputado independente (eleito pelo Chega). O
documento aprovado refere que “a realização de trabalho médico
suplementar no âmbito do Serviço Regional de Saúde não está sujeita a
quaisquer limites máximos, sempre que a respetiva prestação seja
necessária ao funcionamento dos serviços de urgência ou de atendimento
permanente”.Este trabalho, lê-se na
proposta, é “majorado a partir do limite legalmente previsto em presença
física e o dobro deste em regime de prevenção”.“O
trabalho suplementar médico só deve ser realizado por extrema e
imperiosa necessidade para o funcionamento dos serviços de urgência e
apenas quando estiverem esgotadas todas as alternativas de período
normal de trabalho, bem como esgotadas as horas extraordinárias
legalmente permitidas entre os médicos que integrem as escalas dos
serviços”, acrescenta.O diploma vigora até 31 de dezembro de 2024.O
decreto legislativo regional aprovado teve por base uma recomendação do
PAN, mas a versão final do documento deixou de especificar o valor da
remuneração.Tal deveu-se a uma proposta de
alteração dos partidos que suportam a coligação do Governo dos Açores
(PSD/CDS-PP/PPM), que retirou do diploma a referência a que o pagamento
teria “como limite máximo o valor de 50 euros”.António
Lima, do BE, alertou para o facto de ficar em causa um “valor inferior”
ao anteriormente delineado, bem como “muito abaixo do que está a ser
discutido a nível nacional, ou do que existe na Madeira”.Para o deputado do BE, o diploma também não “impõe qualquer limitação” ao número de horas extraordinárias”.“Esta
é uma proposta que não coloca o trabalho suplementar como opção, antes é
uma imposição demolidora dos direitos laborais. Está em causa um
profundo desrespeito pelos direitos dos trabalhadores”, alertou.Paulo Estêvão, do PPM, considerou que a proposta pretende tornar a carreira médica “mais atrativa”, recusando as críticas do BE.Salomé
Matos, deputada do PSD, observou que o diploma é “uma medida excecional
para tempos excecionais”, que pretende evitar “o caos” nas urgências da
região, notando que esteve em apreciação pública sem qualquer parecer
negativo das estruturas sindicais.Tiago
Lopes, do PS, disse esperar que a medida evite situações como as que
aconteceram recentemente, como o encerramento do atendimento permanente
da unidade de saúde da Praia da Vitória, ilha Terceira, por falta de
profissionais de saúde.Catarina Cabeceiras, do CDS-PP, disse ser mais uma medida para melhorar o SRS.O
deputado Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, destacou que reformas como
esta apenas são possíveis por “não haver maioria absoluta no
parlamento”.Pedro Neves, do PAN, vincou
ter votado a favor, "não para obrigar os médicos a fazer horas
extraordinárias", mas para que recebam mais pelo trabalho que já fazem,
referindo estar em causa uma decisão "de cada profissional" de optar por
fazer mais do que as 150 horas definidas pela ACT - Autoridade para as
Condições de Trabalho.O parlamento dos
Açores aprovou também, por unanimidade, atribuir 1,5 pontos por ano de
serviço, entre 2004 e 2018, aos trabalhadores farmacêuticos em funções
públicas com carreiras congeladas.A
proposta de decreto legislativo regional, da autoria do Governo
(PSD/CDS-PP/PPM), votada no plenário mensal da Assembleia Legislativa
Regional dos Açores, estabelece “as regras e procedimentos relativos ao
processo de descongelamento dos trabalhadores farmacêuticos oriundos da
carreira de regime especial de técnico superior de saúde, entretanto
integrados na carreira especial farmacêutica”.