Açores alteraram contrato com empresa sob investigação sem publicação em Jornal Oficial
6 de jun. de 2019, 15:16
— Lusa/AO Online
Na
auditoria realizada à direção regional da Habitação do executivo
açoriano, sobre a aplicação do novo regime de administração financeira,
cujo relatório foi agora divulgado, as transferências de capital para
sociedades e quase sociedades não financeiras públicas totalizaram perto
de quatro milhões de euros (3,895 milhões de euros).A
entidade fiscalizadora das contas públicas refere que este valor
“corresponde a transferências para a empresa pública regional SPRHI",
empresa entretanto extinta pelo Governo Regional, em execução do
contrato-programa, cuja celebração foi autorizada pela Resolução n.º
64/2003, de 22 de maio.O presidente do
Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, substituiu no final de maio a
diretora regional do Turismo, Cíntia Martins, e anunciou também a
cessação de funções do assessor técnico Joaquim Pires, depois de ambos
terem sido constituídos arguidos num processo judicial relacionado com
aquela sociedade anónima.No processo em
que são investigados crimes de corrupção e administração danosa, segundo
disse à Lusa o Ministério Público, estão ainda em causa crimes de
peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e
falsificação de documentos.O tribunal
refere que, no âmbito do contrato-programa, estava prevista inicialmente
a transferência para a SPRHI, entre 2004 e 2006, de 101,5 milhões de
euros, “como contrapartida da cessão da posição contratual da região nos
contratos de empreitada de reabilitação, reconstrução e construção do
parque habitacional das ilhas do Faial e do Pico danificado pelo sismo
de 1998”.A contrapartida cobria também os
contratos de fiscalização e de assessoria técnica celebrados no âmbito
do processo de reconstrução, mas - ainda de acordo com a instituição - o
“contrato-programa sofreu diversas modificações, entre as quais
“avultam o alargamento do âmbito temporal, que passou de três para
dezoito anos, com a consequente reprogramação financeira”, e o
"alargamento do âmbito material", que “passou a abranger o financiamento
de outros empreendimentos”.“Quer a
quinta, quer a sexta modificação ao contrato-programa não foram
publicadas no Jornal Oficial”, declara-se no relatório, sendo que as
transferências para a SPHRI, na gerência de 2014, constam de oito
contratos “autorizados pela direção regional do Orçamento e Tesouro, num
total de 4.140.000.00 euros”. Na
auditoria à gestão da dívida e outras responsabilidades assumidas pela
SPRHI, o “âmbito material do contrato-programa foi alargado”, passando a
contemplar a execução de infraestruturas urbanísticas, no valor de
4.768.267.74 euros, com base numa resolução do Governo Regional, e uma
empreitada de construção e reabilitação de 43 moradias, no montante de
138.815 246,00 euros, igualmente com base numa resolução do executivo.O
TdC conclui ainda que, em 2014, ficaram "por pagar despesas no montante
de cerca de um milhão de euros, devido a limitações de tesouraria,
apesar dos correspondentes créditos e pedidos de autorização dos
pagamentos já terem sido aprovados".