Autor: Carlota Pimentel
Foi assinado ontem, no âmbito do IV Encontro Consular dos Açores, um
acordo de cooperação entre o Governo Regional dos Açores e a Agência
para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), com o objetivo de reforçar e
descentralizar os serviços de atendimento e integração de cidadãos
imigrantes no arquipélago.
Este acordo, que entra em vigor a 1 de
outubro, visa “estabelecer a cooperação entre as partes para assegurar,
reforçar e descentralizar os serviços de atendimento e integração de
imigrantes residentes ou que pretendam residir no território da Região
Autónoma dos Açores”.
O documento estabelece que “os citados serviços
de atendimento serão operacionalizados na Região Autónoma dos Açores
pela Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC), em conjunto com os
serviços da AIMA”.
No âmbito do acordo de cooperação, “a RIAC
vincula-se à obrigação de remessa de relatórios estatísticos sobre o
número de atendimentos realizados trimestralmente para a Secretaria
Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, e encaminhamento de
casos que exijam intervenção especializada dos serviços regionais,
informação esta que é essencial à definição e monitorização de políticas
públicas regionais de integração”, salientou o diretor regional das
Comunidades, José Andrade.
No seguimento deste acordo, foi também
celebrado um protocolo de colaboração entre a RIAC e a AIMA, com vista a
definir os termos e condições de atendimento presencial a cidadãos
imigrantes nos Açores.
A primeira cláusula do protocolo prevê “os
termos e condições de colaboração entre a RIAC e a AIMA, com vista à
realização de tarefas de atendimento presencial no âmbito dos
procedimentos administrativos da competência da AIMA, relativos
designadamente à concessão e renovação de autorizações de residência de
imigrantes residentes ou que pretendam residir na Região Autónoma dos
Açores”.
O protocolo detalha que o atendimento presencial implica a
recolha de dados pessoais dos respetivos requerentes, incluindo “dados
biométricos através do equipamento fornecido ou aprovado pela AIMA; a
receção de documentos necessários à análise do pedido a apresentar pelos
requerentes, bem como a sua digitalização e transmissão à AIMA, por via
eletrónica, através do sistema de informação desta entidade”. Inclui
também “a realização das consultas às bases de dados administrativas da
AIMA que sejam estritamente necessárias à realização do atendimento,
designadamente para a verificação da identidade e legitimidade do
requerente e registo das operações realizadas”, e a “verificação da
autenticidade e validade da documentação apresentada”.
A RIAC
compromete-se a disponibilizar “55 lojas de atendimento, distribuídas
pelos 19 concelhos das nove ilhas da Região Autónoma dos Açores”, assim
como “os recursos humanos necessários a assegurar a realização do número
mínimo de atendimentos diários estabelecido”.
Além disso, a RIAC
deve “assegurar a realização do atendimento no horário de funcionamento
definido para os atendimentos da RIAC”.
Relativamente às obrigações
da AIMA, o protocolo estabelece que compete à agência “assegurar a
criação e gestão do sistema de informação e serviços de redes
indispensáveis ao registo e transmissão eletrónica dos atos praticados
no âmbito do atendimento, incluindo a produção das aplicações
informáticas, a definição das especificações dos equipamentos a
utilizar, a definição da política de segurança e o apoio à resolução de
problemas técnicos”.
A AIMA compromete-se ainda a “garantir a
formação inicial e contínua dos técnicos da RIAC, capacitando-os para o
exercício adequado das atribuições que lhes sejam conferidas ou
cometidas no âmbito da implementação do presente protocolo”.
No que
diz respeito à gestão dos agendamentos, a responsabilidade cabe à AIMA,
que é “responsável por agendar os atendimentos a realizar no âmbito do
presente protocolo, segundo os critérios de conveniência, prioridade e
oportunidade por si estabelecidos e por notificar os requerentes da
data, hora e local para o atendimento”.
Já o número de atendimentos a agendar por cada loja é definido pela RIAC, “sob supervisão e com critérios definidos pela AIMA”.
Na
ocasião, José Manuel Bolieiro classificou a assinatura do acordo como
um “dia histórico”. Para o Presidente do Governo dos Açores, trata-se de
um entendimento que “cumpre melhor as responsabilidades públicas ao
serviço das pessoas, sejam elas cidadãos ou imigrantes”, salientando o
“maior respeito e disponibilidade para uma boa integração”.
O líder
do executivo açoriano realçou que o momento atual é marcado por
“migrações, onde se discute, muitas vezes, a xenofobia e se esquece a
xenofilia”. “E nós queremos, com este ato, dar o exemplo que estamos do
lado da xenofilia, que estamos do lado do acolhimento, da facilitação da
integração, do cumprimento respeitoso da dignidade humana”, referiu.
O
governante salientou ainda a necessidade de adaptação das instituições
“sob o ponto de vista humano e de capacidade organizacional para esta
nova realidade, que nos eleva sob o ponto de vista civilizacional”.
O
Presidente do GovernoRegional frisou que o acordorepresenta também um
novomodelo de colaboração institucional, rompendo com “a aposta na
autarcia de cada instituição”. “Em vez da autarcia de cada instituição,
encontrarmos uma oportunidade colaborativa de realização de capacidades
instaladas em todo o território”, afirmou.
Na sua intervenção,
Bolieiro recordou que, originalmente, a RIAC se destinava ao apoio à
Administração Pública Regional, mas que se alargou “para dar à sua
capacidade instalada oportunidade de ajudar os empresários”. Com o novo
acordo com a AIMA, “estamos a potenciar uma Rede Integrada de Apoio ao
Imigrante e também à própria AIMA na sua extensão nacional”,
acrescentou.
O governante sublinhou que “com este acordo, temos 55
lojas para garantir proximidade” e reiterou que este é “um momento
histórico” para os Açores, “que sempre foram cosmopolitas, mas hoje
reafirmam esta condição multicultural”.
Por sua vez, Pedro Portugal
Gaspar, presidente da AIMA, destacou que este ato de cooperação “não é
muito usual” entre uma entidade da administração central e o Governo
Regional dos Açores, mas defendeu que é “trilhando este caminho” que se
alcança “uma maior capacidade de resposta”.
E prosseguiu: “Será um
caminho técnico importante que iremos trilhar, com o propósito de dar
uma melhor qualidade de prestação de serviços aos imigrantes, (...) no
momento de legalização e regularização documental. E, naturalmente, com
essa proximidade e capacidade agora extensiva às nove ilhas, também
potenciar o momento da integração da comunidade imigrante no território
nacional e nos Açores”.
55
Pontos de atendimento. A Rede Integrada de Apoio ao Cidadão vai disponibilizar 55 lojas de atendimento
19
Concelhos. Lojas de atendimento encontram-se distribuídas pelos 19 concelhos das nove ilhas
dos Açores