Acordo de tréguas supõe libertação de 1.000 palestinianos
Médio Oriente
14 de jan. de 2025, 12:03
— Lusa/AO Online
“Israel
vai libertar cerca de 1.000 prisioneiros palestinianos, incluindo
vários que cumprem longas penas”, disse uma das duas fontes.Estas
declarações fazem eco das informações dadas aos jornalistas por um
funcionário do governo israelita, sob condição de anonimato, segundo o
qual “várias centenas de terroristas serão libertados” durante a
primeira fase das tréguas no território palestiniano.Já
num comunicado oficial, divulgado pela agência noticiosa EuropaPress, o
Hamas confirmou que as negociações indiretas com Israel para um
acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza em troca da libertação dos reféns
raptados a 07 de outubro de 2023 e dos prisioneiros palestinianos nas
prisões israelitas estão “na sua fase final”.O
grupo islamita declarou ter mantido “uma série de contactos e
consultas” com membros superiores de outras fações palestinianas para os
informar dos “progressos” alcançados nas negociações em Doha, capital
do Qatar, noticiou o diário palestiniano Filastin, ligado ao Hamas.“Durante
estes contactos, os chefes das forças e das fações exprimiram
satisfação com o rumo das negociações e sublinharam a necessidade de uma
preparação nacional para a próxima etapa e as suas exigências”,
precisou, sublinhando que as consultas ‘prosseguem’ com vista a
‘finalizar um acordo de cessar-fogo e uma troca de prisioneiros’.Fontes ligadas às negociações, citadas pela agência de notícias
Associated Press (AP) indicaram que o Hamas aceitou um projeto de acordo
para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de dezenas de
reféns.A AP obteve uma cópia do acordo
proposto e uma autoridade egípcia e uma autoridade do Hamas confirmaram a
autenticidade. O plano terá de ser submetido ao Gabinete israelita para
aprovação final. Todos os três responsáveis falaram sob condição de
anonimato.Os EUA, o Egito e o Qatar
passaram o último ano a tentar mediar o fim da guerra de 15 meses e a
garantir a libertação de dezenas de reféns capturados no ataque do
Hamas, que aconteceu a 07 de outubro de 2023. Cerca de 100 israelitas
ainda estão presos em Gaza e os militares acreditam que pelo menos um
terço destes está morto.O acordo de três
fases – baseado numa estrutura definida pelo Presidente dos EUA, Joe
Biden, e endossada pelo Conselho de Segurança da ONU – começaria com a
libertação gradual de 33 reféns ao longo de um período de seis semanas,
incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos em troca de
potencialmente centenas de mulheres e crianças palestinianas presas por
Israel.Entre os 33 estariam cinco soldados
israelitas do sexo feminino, cada um dos quais seria libertado em troca
de 50 prisioneiros palestinianos, incluindo 30 militantes condenados
que cumprem penas de prisão perpétua. No final da primeira fase, todos
os civis cativos — vivos ou mortos — terão sido libertados.Durante
a primeira fase, as forças israelitas retirar-se-iam dos centros
populacionais, os palestinianos seriam autorizados a começar a regressar
às suas casas no norte de Gaza e haveria um aumento da ajuda
humanitária, com cerca de 600 camiões a entrar todos os dias.Os
pormenores da segunda fase ainda têm de ser negociados durante a
primeira. Estes detalhes continuam a ser difíceis de resolver e o acordo
não inclui garantias escritas que o cessar-fogo se irá manter até que
seja alcançado um compromisso. Existe a possibilidade de Israel retomar a
campanha militar após o término da primeira fase.Os
três mediadores deram garantias verbais ao Hamas que as negociações vão
continuar como planeado e que vão pressionar por um acordo para
implementar a segunda e terceira fases antes do final da primeira, disse
a autoridade egípcia.O acordo permitiria a
Israel, durante a primeira fase, permanecer no controlo do corredor
Filadélfia, a faixa de território ao longo da fronteira de Gaza com o
Egito, da qual o Hamas exigiu inicialmente que Israel se retirasse. No
entanto, Israel deve retirar-se do corredor Netzarim, no centro de Gaza.Na
segunda fase, o Hamas libertaria os restantes cativos vivos,
principalmente soldados do sexo masculino, em troca de mais prisioneiros
e da “retirada completa” das forças israelitas de Gaza, de acordo com o
projeto de acordo.O Hamas afirmou que não
libertará os restantes reféns sem o fim da guerra e uma retirada total
de Israel, enquanto o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu,
prometeu no passado retomar os combates a menos que as capacidades
militares e governamentais do Hamas sejam eliminadas.A menos que seja elaborado um Governo alternativo para Gaza nestas negociações, o Hamas poderá ficar no comando do território.Numa
terceira fase, os corpos dos restantes reféns seriam devolvidos em
troca de um plano de reconstrução de três a cinco anos a ser executado
em Gaza sob supervisão internacional.