Acordo base de 2025 de IPSS e Misericórdias nos Açores atualizado em 4,9%
Hoje 17:49
— Lusa/AO Online
“Esperemos
que todas as instituições possam pagar aos trabalhadores o subsídio de
Natal, que é importante, e já ficamos com alguma almofada para janeiro,
por causa do salário mínimo regional que vai ser aumentado”, afirmou, em
declarações à Lusa, o presidente da União Regional de Instituições
Particulares de Solidariedade Social dos Açores (URIPSSA), João Canedo.O
dirigente falava, em Angra do Heroísmo, à saída de uma reunião de duas
horas com a secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi, em que foi assinado o acordo base para
2025.Sete Instituições Particulares de
Solidariedade Social (IPSS) dos Açores não conseguiram pagar, este
ano, os subsídios de Natal aos funcionários, alegando dificuldades de
tesouraria por ainda não terem sido atualizados os valores padrão
referentes a 2025.O acordo é financiado
pelo Governo da República, que em novembro transferiu 1,7 milhões de
euros, apenas para as valências de ateliês de tempos livres, centros de
convívio e creches.Na sexta-feira, foram
transferidos mais 3,6 milhões de euros, que permitem atualizar também os
valores padrão das restantes valências em 4,9%.O
montante total (5,3 milhões de euros) ficou, ainda assim, abaixo dos
9,5 milhões de euros reivindicados pelas instituições dos Açores.“Ficaram
a faltar 4,2 milhões de euros e esperemos que em janeiro consigamos
resolver esta situação e que venham os valores corretos para a
instituições, deixando sempre um parêntese que as creches em 2024 não
receberam aumento nenhum e este ano só receber 4,9%”, apontou João
Canedo.Segundo o presidente da URIPSSA,
enquanto no continente, para além de um aumento base de 4,9%, houve
aumentos adicionais em determinadas valências (7,1% nas Estruturas
Residenciais para Pessoas Idosas [ERPI]; 3,8% nas creches; 2,1% nos
centros de dia; ou 1,1% nos Centros de Atividades e Capacitação para a
Inclusão), nos Açores as valências foram atualizadas apenas em 4,9%.João
Canedo rejeitou que as instituições dos Açores recebam “dinheiro a
mais”, vincando que a região tem um modelo de financiamento diferente.“Neste
momento, [nos Açores] as famílias nas ERPI não apoiam os seus idosos e
há poucas vagas privadas. Nós, se calhar, vamos ter de aumentar mais
algumas vagas privadas e deixar de ter tantas protocoladas”, apontou.Segundo
a secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica
Seidi, no ano passado foi feito um estudo a nível nacional sobre os
custos reais das instituições, que não incluiu as valências dos Açores.Por
isso, a região vai avançar agora com esse estudo para apresentar os
valores calculados nas negociações do acordo base de 2026 e evitar que a
atualização dos valores demore tanto tempo.Com
exceção dos ateliês de tempos livres, centros de convívio e creches, as
valências sociais nos Açores têm valores padrão acima dos praticados a
nível nacional, o que motivou pedidos de esclarecimento do Governo da
República nas negociações do acordo base de 2025.Ainda
sem os custos reais calculados, a titular da pasta da Segurança Social
nos Açores salientou que a região tem especificidades próprias.“Nós
percebemos que existam valências em funcionamento que não são
sustentáveis por si só. O valor transferido pela frequência dos utentes
poderá não cobrir todas as despesas que essa valência tem para dar a
resposta e tornar a instituição sustentável. Contudo, também
reconhecemos que, se calhar, em algumas dessas ilhas é a única resposta
que está disponível e, portanto, não é opção fechar essa resposta. É
isso que a República também tem de entender”, exemplificou.A
governante admitiu que o estudo possa também dar orientações para
alterar o Código da Ação Social dos Açores, que não é revisto desde
2014, mas ressalvou que não pretende “mudar as regras a meio do jogo”.No caso das ERPI, por exemplo, o valor padrão no continente é cerca de metade do praticado nos Açores.No
entanto, na região o utente paga 80% da sua pensão e o restante é
assegurado pelo acordo base, enquanto no continente, além dos 85% da
pensão do utente, as famílias comparticipam parte do valor cobrado pela
instituição.Questionada sobre se as
famílias nos Açores poderão ser chamadas a contribuir, Mónica Seidi
disse que era prematuro tomar uma posição, antes de conhecer o resultado
do estudo.A secretária regional admitiu,
no entanto, a possibilidade de serem abertas mais vagas privadas nas
valências para tornar as instituições mais sustentáveis.“A
URMA e URIPSSA já manifestaram essa vontade ao Governo Regional e não é
algo com que estejamos contra. É algo que deve ser avaliado. Não vamos
mudar as regras a meio do jogo. No próximo ano, poderá ficar escrito no
acordo de base”, adiantou.