Acórdão de ex-ciclistas e dirigentes da W52-FC Porto adiado para 12 de dezembro
Hoje 17:08
— Lusa/AO Online
A leitura do acórdão
estava marcada para a tarde desta terça-feira, mas foi adiada porque a defesa da
Associação Calvário Várzea (clube de ciclismo que esteve na origem da
equipa) não prescindiu de prazo para contestar uma alteração não
substancial dos factos, relacionada com a qualificação jurídica dos
mesmos, anunciada pelo presidente do coletivo de juízes.Nesse
sentido, o juiz presidente agendou para as 14h00 de 12 de dezembro a
leitura do acórdão do julgamento, que pertence ao Tribunal de Penafiel,
mas que decorre num pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços
de Ferreira, distrito do Porto.O
Ministério Público (MP) pediu, em maio, penas suspensas para os arguidos
julgados pelo envolvimento no esquema de doping na extinta W52-FC
Porto, na condição de todos indemnizarem a Federação Portuguesa de
Ciclismo (FPC), considerando terem ficado provados “todos os factos e
todos os crimes” que constam da acusação.A 24 de abril de 2022, no decorrer do Grande Prémio O Jogo, a Polícia
Judiciária realizou “várias dezenas de buscas domiciliárias e não
domiciliárias em diversas regiões do território nacional”, envolvendo
cerca de 120 elementos e visando maioritariamente as residências dos
ciclistas e dirigentes da W52-FC Porto.Durante
a operação ‘Prova Limpa’, foram apreendidas várias centenas de seringas
e agulhas de vários tipos, material para transfusão de sangue ou mesmo
bolsas usadas com vestígios hemáticos, e substâncias dopantes como
betametasona, somatropina, menotropina, TB 500, insulina ou Aicar, entre
outras.Os 26 arguidos respondem por
tráfico de substâncias e métodos proibidos, mas apenas 14 por
administração de substância e métodos proibidos.Entre
estes estão Adriano Teixeira de Sousa, conhecido como Adriano
Quintanilha, a Associação Calvário Várzea Clube De Ciclismo – o clube na
origem da equipa -, o então diretor desportivo Nuno Ribeiro e o seu
‘adjunto’ José Rodrigues.Nas alegações
finais de um julgamento que arrancou em fevereiro de 2024, o procurador,
que atribuiu aos arguidos diferentes graus de responsabilidade,
considerou Quintanilha, Ribeiro e Hugo Veloso, contabilista da equipa,
como “os principais mentores e responsáveis” pelo esquema de doping na
W52-FC Porto.Em julgamento, o ex-diretor
desportivo e o ‘patrão' da equipa apresentaram versões opostas e
contraditórias, com Ribeiro a assumir a existência de doping, financiado
e incentivado por Adriano Quintanilha, “mestre da manipulação, que
queria ganhar a todo o custo”.O vencedor
da Volta a Portugal de 2003 afirmou que era Quintanilha quem financiava o
doping na equipa, dando dinheiro aos ciclistas para que adquirissem os
produtos ilícitos, algo que o dono da W52-FC Porto negou.O
procurador admitiu que o mais difícil neste processo é determinar as
penas a aplicar aos arguidos, entre os quais se incluem farmacêuticos
que ‘forneciam’ as substâncias dopantes, defendendo que, apesar da
gravidade dos crimes, e como são primários, estes “não devem cumprir
pena efetiva”.João Rodrigues, Rui Vinhas,
Ricardo Mestre, Samuel Caldeira, Daniel Mestre, José Neves, Ricardo
Vilela, Joni Brandão, José Gonçalves e Jorge Magalhães são os
ex-ciclistas da W52-FC Porto julgados por tráfico de substâncias e
métodos proibidos, assim como Daniel Freitas, que representou a equipa
de 2016 a 2018.A W52-FC Porto era a melhor
equipa do pelotão nacional, tendo vencido ininterruptamente na estrada a
Volta a Portugal entre 2016 e 2021. No entanto, as edições de 2017 e
2018, conquistadas por Raúl Alarcón, e 2021, na qual triunfou Amaro
Antunes, ficaram posteriormente sem vencedor devido às suspensões por
doping impostas aos dois antigos ciclistas devido a anomalias no
passaporte biológico.