Acesso à medicação que previne VIH alargado aos cuidados primários e farmácias
4 de dez. de 2023, 13:09
— Lusa/AO Online
A medida foi publicada no
Diário da República, através da portaria que “define os procedimentos a
adotar com vista ao alargamento do acesso à Profilaxia Pré-Exposição ao
VIH (PrEP) e estabelece um regime excecional de comparticipação para os
medicamentos destinados à PrEP”, que entra em vigor na terça-feira e
produz efeitos dentro de 120 dias.O
Ministério da Saúde (MS) adianta em comunicado que o diploma vem alterar
a forma de prescrição e dispensa dos medicamentos destinados a prevenir
a infeção por VIH e estabelecer um regime excecional de comparticipação
de 69% sobre um preço atual que não deverá ultrapassar 40 euros
mensais. Até aqui, a prescrição de PrEP
era realizada apenas em consulta de especialidade hospitalar, com
dispensa nos serviços farmacêuticos dos hospitais do Serviço Nacional de
Saúde. Segundo a portaria, vai continuar a
ser possível ter acesso à PrEP, de forma gratuita, nas farmácias dos
hospitais do SNS, através da prescrição nas consultas de especialidade
da rede hospitalar, tal como acontecia até agora, e em iniciativas
dirigidas a populações chave, nos cuidados de saúde primários e
associações comunitárias. “Este novo
regime introduz como novidade, a possibilidade de estes medicamentos
serem prescritos por um conjunto de especialidades médicas –
dermatovenereologia, doenças infecciosas, medicina geral e familiar,
medicina interna, pediatria e saúde pública, quer no âmbito dos cuidados
de saúde primários do SNS, quer em consultórios, unidades de saúde e
organizações de base comunitária não integradas no SNS”, realça o MS.Os
medicamentos passam também a poder ser levantados em farmácias
comunitárias, permitindo ao utente um acesso mais simplificado e uma
maior comodidade de horários.De acordo com
a portaria, as farmácias apenas poderão dispensar, por ato, um máximo
de duas embalagens, e um máximo de sete embalagens a cada seis meses. Os
medicamentos com indicação para a PrEP oral que beneficiam do regime
excecional de comparticipação correspondem à denominação comum
internacional (DCI) Emtricitabina + Tenofovir.“A
PrEP constitui hoje, indiscutivelmente, uma das abordagens a
disponibilizar no contexto de uma estratégia de prevenção abrangente, de
forma a contribuir para a redução do número de novas infeções por VIH
em Portugal, o que justifica, per si, a eliminação das barreiras e o
alargamento do acesso à PrEP às pessoas em maior risco de infeção por
VIH”, salienta o MS. Sublinha ainda que a
definição dos novos procedimentos será adotada no âmbito do Programa
Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção pelo VIH
da Direção-Geral da Saúde.O Ministério da
Saúde salienta que, “embora Portugal tenha assistido a uma diminuição
considerável da incidência da infeção por VIH, continua a apresentar
indicadores que evidenciam a necessidade de reforçar a aposta em
estratégias de prevenção que acelerem a redução do número de novas
infeções”.Segundo o Relatório Infeção por
VIH em Portugal 2023, a PrEP registou um aumento significativo, em 2022,
no número de pessoas abrangidas por “esta importante estratégia de
prevenção”, atingindo-se um total de cerca de 4.500 pessoas,
maioritariamente homens e que referem práticas sexuais com outros
homens. Portugal registou 804 novos casos
de infeção por VIH no ano passado, confirmando uma tendência decrescente
que se verifica desde 2000, segundo o relatório.