Os
quatro partidos com acordos para derrubar o Governo de Passos Coelho e
Paulo Portas (PSD/CDS-PP) e viabilizar o elenco de António Costa, há
três anos, querem capitalizar o desempenho na legislatura, junto dos
respetivos eleitorados, nos sufrágios europeu, regional na Madeira e
legislativo, em 26 de maio, 22 de setembro e 06 de outubro,
respetivamente.Bloquistas,
comunistas e ecologistas – estes dois últimos concorrentes pela
Coligação Democrática Unitária (CDU) - enfrentam o dilema de terem
aprovado quatro Orçamentos do Estado do Governo minoritário socialista
e, ao mesmo tempo, divergirem do PS no respeito pelas regras europeias e
nas da Aliança Atlântica militar.BE,
PCP e PEV veem-se na obrigação de reivindicar os “avanços” de
“rendimentos e direitos”, mas de renegar tudo quanto foram cativações
orçamentais, falta de investimento público e consequentes falhas nos
serviços, como a saúde ou a educação, além da falta de alterações para
melhorar a legislação laboral, por exemplo, prevendo-se o escalar das já
constantes reivindicações e greves em muitos setores sócio
profissionais.O
PS, cujo Governo tem caminhado no ténue “arame” entre reverter medidas
da austera ‘troika’ e do anterior executivo (PSD/CDS-PP) e cumprir metas
de défice e dívida ditadas pela Comissão Europeia, almeja chegar à
maioria absoluta em outubro, embora sem o assumir abertamente.O
“equilibrista” de serviço tem sido o ministro das Finanças, ora Mário
Centeno em Lisboa, ora presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, em
Bruxelas, apresentando bons resultados macroeconómicos de crescimento e
emprego, aliados ao rigor na gestão das contas públicas.Os
socialistas, ainda com António José Seguro na liderança, venceram as
europeias em 2014 (oito eurodeputados), mas, já com António Costa ao
leme, não impediram nova maioria absoluta ao PSD na Madeira há quatro
anos e ficaram-se pelo segundo lugar, atrás de PSD/CDS-PP nas
legislativas de 2015, com os atuais 86 assentos em São Bento, apesar de
terem conseguido formar Governo, graças aos parceiros parlamentares.Em
entrevista recente à Lusa, o primeiro-ministro e secretário-geral
socialista, António Costa, desejou a confiança dos portugueses para
fazer mais um mandato, considerando as matérias sociais, como a saúde, a
educação e o combate às desigualdades, como possíveis bases de novos
entendimentos à esquerda, com a qual quer manter o diálogo,
independentemente da vontade expressa pelo povo nas urnas.Costa
recorreu também à metáfora de que não vale a pena estragar amizades que
funcionam trocando-as por casamentos sem futuro, elogiando a forma como
os diferentes partidos mantiveram as suas identidades, referindo-se à
integração das outras forças políticas no Governo ou ao aprofundamento
das posições conjuntas.Posições
num futuro executivo foi o que o BE assumiu abertamente como vontade na
XI Convenção Nacional, em novembro, pedindo mais força aos eleitores do
que a atual correlação de força na Assembleia da República, embora já
seja a terceira força política (19 eleitos). Os dirigentes bloquistas
frisaram também como objetivo impedir assim uma eventual maioria
absoluta do PS.Os
primeiros sinais concretos nas urnas serão visíveis em maio, com a
repetente Marisa Matias, terceira classificada nas Presidenciais2016, a
encabeçar a lista europeia bloquista para melhorar do “tombo” eleitoral
registado há cinco anos, quando ficou como a representante única do BE
em Bruxelas e Estrasburgo.Já
os responsáveis pelo PCP nunca aceitaram sequer equacionar “este ou
aquele lugar” executivo porque não abdicam da sua “política alternativa,
patriótica e de esquerda”, tendo vindo a acentuar as críticas ao PS e à
continuidade das “políticas de direita” e da “submissão aos
constrangimentos” de “uma União Europeia neoliberal”.De
resto, sobre acordos, os comunistas têm reiterado ser desnecessário
qualquer novo documento escrito, como foi exigido pelo então presidente
da República, Cavaco Silva, e garantem que a sua palavra basta para
alguma espécie de compromisso como o que tem existido desde novembro de
2015. Ainda assim, o PCP deseja manter a terceira posição europeia (três
deputados) e melhorar o quinto posto no parlamento português (15
lugares).O seu
parceiro na tradicional CDU, o PEV, também reconhece melhorias “no
dia-a-dia das pessoas” com a atual solução política e mostrou-se
disponível para continuar a “encontrar soluções positivas para o país”
na Assembleia da República.“A
tudo aquilo que considerarmos que é negativo, evidentemente nunca
poderemos dar o nosso voto favorável, seja qual for a solução que
estiver encontrada", resumiu a líder parlamentar, Heloísa Apolónia, em
entrevista recente à Lusa.