A entrar nas negociações finais, Portugal insiste no fim dos combustíveis fósseis
COP28
11 de dez. de 2023, 09:42
— Mariana Caeiro/Lusa/AO Online
Na véspera
do primeiro de, pelo menos, dois dias exclusivamente dedicados às
negociações finais na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre
Alterações Climáticas (COP28), Ana Fontoura Gouveia afirmou que, da
parte de Portugal e da União Europeia, os combustíveis fósseis são mesmo
para eliminar até 2050.“A matéria dos
combustíveis fósseis é uma das mais difíceis e é por isso que aqui
estamos, para conseguir encontrar uma linguagem comum. O objetivo
central é que os combustíveis fósseis sejam eliminados até 2050”, disse a
governante em declarações aos jornalistas ao final do dia.Na
discussão do ‘Global Stocktake’ – principal mecanismo através do qual
são avaliados os progressos no âmbito do Acordo de Paris, cujo balanço
está a ser feito este ano pela primeira vez – estão em cima da mesa
diferentes opções de formulação do que diz respeito ao tema dos
combustíveis fósseis.Duas das opções,
fortemente contestadas pelos produtores de petróleo, referem a
eliminação dos combustíveis fósseis, enquanto outras duas apontam apenas
o fim dos combustíveis fósseis em que não é possível a captura de
carbono, chamados ‘unabated’.“As
tecnologias que nos permitem capturar as emissões de carbono associadas
aos combustíveis fósseis são muito caras ou ainda inexistentes,
portanto, o caminho tem de ser a eliminação dos combustíveis fósseis até
2050”, insistiu a secretária de Estado.À
beira das negociações finais, o tema continua a ser dos menos
consensuais, mas Ana Fontoura Gouveia acredita que será possível um
acordo até ao final previsto da cimeira, na terça-feira, e espera, acima
de tudo, que o resultado permita cumprir os objetivos da União
Europeia.“Temos muitos textos, muitas
propostas, muitas discussões bilaterais no sentido de aproximarmos
posições. Estamos muito convictos de que, com mais algum trabalho,
conseguiremos chegar a um texto final que esteja à altura daquilo que
nos trouxe a todos ao Dubai”, antecipou.Questionada
sobre a posição de alguns países produtores de petróleo e comentando
também a hipótese de a próxima cimeira se realizar no Azerbaijão, a
secretária de Estado considerou que “essas são as geografias certas para
termos esta discussão”.“Não podemos ter
uma discussão séria sobre uma transição climática se excluirmos estes
países que, na verdade, estão aqui comprometidos com o diálogo. É isso
que temos visto”, referindo o exemplo dos Emirados Árabes Unidos e do
presidente da COP28, Sultan Al Jaber, que é também presidente da
companhia petrolífera nacional.Apesar de
declarações polémicas antes do início da cimeira, quando considerou que a
transição energética muito rápida seria voltar à "idade das cavernas",
Al Jaber retratou-se entretanto e, no entender da secretária de Estado
portuguesa, o presidente da COP28 “tem colocado a fasquia muito alta”.“Tem
sido uma força motriz de mais compromisso por parte daqueles países que
poderiam querer sair desta COP com menos ambição”, referiu.A
COP28 começou em 30 de novembro e está a decorrer até dia 12 no Dubai.
Depois de vários dias com um programa temático, segunda e terça-feira
serão dedicados apenas às negociações finais.