"A Caixa deseja é que este processo acabe"

Novo Banco

16 de jun. de 2021, 17:38 — Lusa/AO Online

"O que, pessoalmente, a Caixa deseja é que este processo acabe, que sejam definidos os custos, que seja algo totalmente previsível, que é o que todas pessoas do setor financeiro, e não só, apreciam", disse Paulo Macedo aos deputados.O presidente executivo do banco público está hoje a ser ouvido na última audição da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.Paulo Macedo classificou ainda como "situações um pouco absurdas" a banca estar "a financiar um concorrente" que "dizia que quereria comprar outro banco", no caso o EuroBic."Isso obviamente é um desvirtuar, no meu entender, de algumas regras básicas", considerou o gestor.Paulo Macedo afirmou também que o Acordo de Capitalização Contingente (CCA), que vinculou o Fundo de Resolução a financiar o Novo Banco em caso de perdas depois da venda do banco à Lone Star, em 2017, não foi uma "boa solução"."Toda a gente acredita que não. Não vejo que no futuro próximo haja compradores que aceitem uma solução destas", considerou, dando para isso motivos como "todo o desgaste, toda a polémica e toda a parte de prolongamento do processo" em torno do Novo Banco nos últimos anos."De facto, não é uma boa experiência", disse, remetendo para um raciocínio anterior em que tinha dito que "não havia nenhuma boa solução" e que se procurou "a solução menos penalizadora".Paulo Macedo deixou uma nota de concordância como a ideia de que deveria ter existido "um maior envolvimento" dos credores do então Banco Espírito Santo (BES)."Apesar de tudo, acho que foi a solução menos má. Evitou que houvesse uma maior instabilidade no sistema financeiro. Acho que foi importante ter resolvido o problema", referiu.No final da audição, em resposta ao deputado relator Fernando Anastácio (PS), o presidente da CGD esclareceu que não fez "uma consideração sobre o mecanismo" de capitalização do Novo Banco, mas sobre os seus efeitos."Este mecanismo é penalizador para o adquirente", face a uma capitalização "de uma só vez, mesmo que tivesse alguns mecanismos de regularização", é penalizador para a gestão", devido à "alocação de tempo" dada ao mecanismo, e há ainda o "fator decisivo, que é o efeito na reputação da banca".Paulo Macedo considerou que "a banca ainda vai demorar alguns anos até ser perdoada, um dia".Numa audição que apenas contou com perguntas de PSD, PAN e IL, por PS, BE e PCP considerarem que as opiniões de Paulo Macedo se adequam mais à Comissão de Orçamento e Finanças e não tanto a uma comissão de inquérito, o gestor considerou ainda "estranho" o BES não ter recorrido à linha de capitalização pública disponibilizada através da 'troika'."A apresentação, na altura, era de uma prova de força, ou seja, de que [o BES] não recorria porque não precisava", disse Paulo Macedo, que era ministro da Saúde do governo PSD/CDS-PP liderado por Passos Coelho (2011-2015) à data do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF).