A ausência "profundamente lamentável" dos Açores e a problemática rotatividade das ilhas
Europeias
11 de mai. de 2019, 02:49
— Lusa/Ao online
“É uma situação profundamente lamentável. E atenção que não é apenas a Região Autónoma dos Açores que perde com essa tomada de posição. Obviamente que, por contágio perde também a região autónoma da Madeira, e também o próprio país. Um eurodeputado das regiões ultraperiféricas tem aqui nesta casa um espaço preferencial, ainda para mais quando nós estamos a discutir grandes políticas na ordem da economia azul, economia verde, onde obviamente as regiões ultraperiféricas têm um potencial que está a ser cada vez mais reconhecido”, alertou a eurodeputada social-democrata eleita pelos Açores nesta legislatura.Em declarações aos correspondentes portugueses em Bruxelas, durante a sessão plenária de abril, a última desta legislatura, Sofia Ribeiro defendeu que “prescindir de uma voz” que entra em fóruns específicos de discussão, como o são os do domínio da ciência, do mar e da economia circular, é “uma perda”.O PSD/Açores havia indicado o histórico dirigente Mota Amaral para a lista nacional do partido, mas o líder do PSD, Rui Rio, apenas garantia o oitavo lugar à região, tendo optado os dirigentes açorianos por retirar o nome apresentado e não introduzir outro candidato na lista encabeçada por Paulo Rangel.“Querem reduzir o espaço dado nas listas nacionais aos representantes das regiões ultraperiféricas o que acaba por ter aqui alguma preocupação. Se diminuirmos o leque de representantes destas regiões, que têm a sensibilidade, que têm o conhecimento daquilo que são as verdadeiras características da ultraperiferia e conseguem defender de uma outra forma...”, observou Cláudia Aguiar, para quem faz falta haver alguém dos Açores nas listas do PSD.A eurodeputada madeirense, que surge em sexto lugar na lista dos sociais-democratas às eleições europeias de 26 de maio, será, ao que tudo indica, a única representante das regiões ultraperiféricas do seu partido na próxima assembleia europeia, mas recusa a premissa de acumular a representação da Madeira com a dos Açores.“Isso para mim é uma não-questão completamente. Quem conhece o funcionamento do PE e sabe o que é o mandato de um deputado. Um deputado é um deputado por Portugal. Acho que até é desprestigiante dizer que uma pessoa está a fazer trabalho só para uma ou outra região. Sou pelo meu país e defenderei qualquer matéria que tenha implicação direta com Portugal, com a Madeira e com os Açores como fiz nestes cinco anos”, asseverou.Já Ana Gomes, por seu lado, evidenciou os problemas resultantes da permanente rotatividade dos deputados das regiões autónomas à assembleia europeia.“Tenho muita pena de ver que hoje em Portugal a representação das nossas regiões autónomas estar completamente mudada, porque obviamente são os Açores e Madeira que perdem, independentemente da qualidade de quem vem aí, por aqueles que já cá estavam e fizeram um bom trabalho — estou a falar do Ricardo [Serrão Santos], estou a falar também da Liliana [Rodrigues], que fizeram aqui bom trabalho, que os prestigiou e prestigiou Portugal e que foi útil para a Europa. É uma pena que aquilo que podiam, a partir de agora, ainda mais render ser desaproveitado e voltar tudo à estaca zero”, lamentou a socialista.Com três mandatos cumpridos, e de saída do PE por vontade própria, Ana Gomes estimou que a frequente renovação dos representantes das regiões autónomas “não ajuda nem a Madeira nem os Açores”.“Acho que importa que haja continuidade de pelo menos três mandatos de qualquer deputado, em particular das regiões”, completou.A lista de candidatos socialistas às eleições para o Parlamento Europeu, que é encabeçada pelo ex-ministro Pedro Marques, tem André Bradford (Açores) e Sara Cerdas (Madeira), respetivamente, no quinto e sexto lugares. Relativamente à atual legislatura, Bradford ‘substituiu’ Ricardo Serrão Santos e Cerdas a eurodeputada Liliana Rodrigues.