57,4% dos doentes de Covid-19 desenvolveram algum sintoma neurológico
9 de jul. de 2020, 16:49
— Lusa/AO online
O
trabalho, liderado pelo professor da Universidade de Castilla-La Mancha
(UCLM) e chefe de Neurologia do Hospital Universitário de Albacete,
Tomás Segura Martín, é, segundo a agência noticiosa espanhola Efe, o
mais extenso publicado até agora internacionalmente.Para
o seu desenvolvimento, 841 pacientes hospitalizados em Albacete foram
avaliados por terem sido infetados com o vírus SARS-CoV-2 durante o mês
de março, dos quais 57,4% desenvolveram principalmente mialgia, mas
também dores de cabeça e encefalopatias, entre outros sintomas
neurológicos.Tomás Segura especifica, em
declarações à Efe, que a série estudada em Albacete concentra o seu
trabalho na revisão sistemática de 841 pacientes hospitalizados no mês
de março, especificamente em três semanas, cujas características
demográficas e manifestações clínicas foram analisadas e submetidas a
testes sistémicos e neurológicos complementares.A partir deste estudo, os analistas admitem que manifestações neurológicas são comuns em pacientes hospitalizados com covid-19.Segundo
o estudo, 57,4% dos pacientes avaliados em Albacete desenvolveram algum
sintoma neurológico: 17% mialgia; 14% cefaleia e 6% instabilidade, mais
comuns nos estágios iniciais da infeção, enquanto outros tiveram perda
de olfato e disgenesia (distúrbios do paladar).Da
mesma forma, a investigação admite que, comparados a um outro estudo
chinês, os investigadores espanhóis observaram que os pacientes de
Albacete tinham mais comorbidades, confirmando que a obesidade era um
fator de risco para a gravidade, acima do resto.A
esse propósito, Tomás Segura considera que esse pormenor possivelmente
se deve ao facto de o paciente com obesidade ter menor capacidade
ventilatória e também porque é capaz de responder de uma forma imune e
excessiva, conhecida como "tempestade de citocinas".Nesse
sentido, a UCLM afirma que o artigo publicado na Neurology sustenta que
os médicos devem acompanhar atentamente esses pacientes para reconhecer
complicações precoces do sistema nervoso em pessoas afetadas pela
SARS-CoV-2, que entendem que "são sem dúvida muito mais frequentes do
que se pensava anteriormente".A pandemia
de covid-19 já provocou mais de 549 mil mortos e infetou mais de 12
milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito
pela agência francesa AFP.Em Portugal,
morreram 1.644 pessoas das 45.277 confirmadas como infetadas, de acordo
com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.