Publicadas
pela revista científica Nature, estas “recomendações prioritárias para
acabar com a covid-19 como ameaça de saúde pública” foram definidas por
um painel científico multidisciplinar, abrangendo as áreas dos sistemas
de saúde, da prevenção, da comunicação, das desigualdades da pandemia,
do tratamento e da vacinação.No capítulo
dos sistemas de saúde, os especialistas consideram que os governos devem
“remover as barreiras económicas” no acesso aos testes de despiste da
covid-19, aos equipamentos de proteção individual e aos tratamentos.“Para
reduzir o fardo nos hospitais, os cuidados primários devem ser
reforçados para incluir a testagem, o rastreio de contactos, a
monitorização de sintomas leves e a vacinação”, avança a Nature.Além
disso, as políticas de saúde pública “devem ter melhor em conta o
potencial impacto a longo prazo da propagação descontrolada da
covid-19”, tendo em conta as incertezas que ainda persistem sobre a
prevalência, severidade e duração da `long covid´ em pessoas que
recuperaram da infeção inicial pelo coronavírus.“Porque
o mercado global não satisfaz a procura de vacinas e tratamentos, os
países e as regiões devem considerar reformas legislativas e
regulatórias para resolver estas falhas”, que podem passar pela
nacionalização de capacidade de produção e por negociar acordos
internacionais e regionais de fornecimento, avançam ainda as
recomendações compiladas pela revista científica.Quanto
à prevenção, a Nature adianta que, para acabar com a ameaça de saúde
pública provocada pela covid-19, a prevenção da transmissão do
SARS-CoV-2 nos locais de trabalho, nas escolas e nos centros de comércio
“deve permanecer como uma alta prioridade”, refletida nas orientações
das autoridades de saúde e suportada em medidas concretas.As
recomendações na área da comunicação indicam que os líderes
comunitários, os peritos científicos e as autoridades de saúde pública
devem colaborar no desenvolvimento de mensagens para “construir e
melhorar a confiança” individual, utilizando meios de acesso à
informação adequados por parte dos diferentes grupos de pessoas.“As
autoridades e profissionais de saúde pública devem combater informações
falsas proativamente através de mensagens claras, diretas e que sejam
limpas de jargão científico desnecessário”, avança.Quanto
às desigualdades da pandemia, o painel de peritos recomenda que os
países de rendimento elevado reorientem as vacinas contra a covid-19
para abastecer os países com baixas taxas de vacinação e acesso
inadequado às doses.“Além dos atuais
esforços para a equidade de vacinas, os governos e as organizações de
saúde internacionais devem-se coordenar melhor para tornar os testes e
os tratamentos da covid-19 acessíveis a todas as pessoas de todos os
países”, avançam as recomendações.Na área
dos tratamentos e cuidados de saúde, a Nature aconselha uma colaboração
multissetorial para “acelerar o desenvolvimento de novas terapias para
todas as fases” da doença, mas também que seja dada prioridade ao
financiamento da investigação do diagnóstico e tratamento da `long
covid”.Quanto à vacinação, os peritos
defendem que o financiamento dos governos, de filantropos e da indústria
“deve incluir um foco no desenvolvimento de vacinas que garantam uma
proteção duradoura contra as múltiplas variantes do SARS-CoV-2”.“A
mensagem da vacinação deve explicar claramente a eficácia e as
limitações das atuais vacinas na prevenção da transmissão do SARS-CoV-2 e
na redução da severidade da covid-19”, é a outra das recomendações
relativa à imunização.