Autor: Lusa/AO Online
Segundo o relatório de atividades 2011/2012 da Rede de Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), a que a Lusa teve hoje acesso, foram sinalizados 3.610 alunos, que representam oito por cento do total dos 40.062 alunos que integram os 30 agrupamentos de escolas analisados.
A maioria dos alunos (31%) pertence ao primeiro ciclo, seguindo-se o terceiro ciclo (28%) e o segundo ciclo (27%).
Esta situação poderá estar relacionada com a "forte aposta na prevenção primária" e com uma maior exposição das crianças a fatores de risco nesta fase de transição de ciclo, encontrando-se “mais desprotegidas e sujeitas a consideráveis níveis de stress escolar”, refere o documento.
Os autores do relatório referem que esta situação desencadeia uma "diminuição significativa do seu desempenho e do seu autoconceito escolar”, uma condição que pode ser agravada pelo facto de muitas famílias “não estarem suficientemente atentas para as reais dificuldades dos seus filhos”.
A maioria (55%) dos alunos encaminhados são rapazes, o que poderá estar relacionado com “algum determinismo biológico e alguma modelação social e cultural”, que os leva a exteriorizar mais facilmente a sua agressividade do que as raparigas.
Os dados indicam que foram identificadas 5.742 situações - uma média de 1,6 por aluno sinalizado -, das quais 3.304 relacionadas com problemáticas escolares e 2.438 com problemas de comportamento.
Mais de metade das situações (58%) relaciona-se com problemas escolares: desmotivação (14%), fraco aproveitamento escolar (14%), absentismo escolar (11%), dificuldades de aprendizagem (11%), retenções recorrentes (5%) e abandono escolar (3%).
Os problemas de comportamento abrangem 42% dos casos, dos quais 11% na sala de aula, 8% no pátio, 8% participações disciplinares, 6% agressividade, 5% violência verbal e 4% violência física.
“O abandono escolar apresenta-se como a problemática com menor incidência, o que poderá ser explicado pela constante intervenção junto das famílias e posterior articulação com os parceiros, nomeadamente com as comissões de proteção de crianças e jovens em perigo”, explica o documento.
O relatório analisou a “problemática individual”, a nível de “comportamentos desviantes, “exposições a situações de risco”, “problemas de saúde” e ainda 21 casos de gravidez na adolescência e 32 problemas de legalização.
As situações de risco são as mais prevalentes (1.993 num total de 3.448 problemáticas assinaladas), sendo as mais relevantes a negligência escolar e a negligência afetivas (ambas com 12%).
Os “comportamentos desviantes” representaram 734 situações, num total de 3.448, destacando-se o consumo de tabaco (5%), seguido do consumo de álcool (3%) e do bullying agressor (3%).
Os problemas de saúde representam 20% das situações (728), com as perturbações do foro psicológico a terem maior peso (10%).
Mais de metade destas situações (51%) teve “acompanhamento sistemático” e 49% “acompanhamento pontual”.
O relatório analisou também a situação das famílias, tendo verificado que “uma percentagem significativa”, sobretudo a mãe, está em situação de carência socioeconómica e desemprego.
“A ausência da figura paterna é manifestamente evidente e transversal a quase todas as famílias”.