2022 arranca com vários acórdãos e incógnita sobre futuro da Operação Marquês
24 de dez. de 2021, 15:45
— Lusa/AO Online
A 07 de janeiro será lido a
decisão do processo de furto e recuperação de armamento dos paióis de
Tancos, ocorrido em 2017. O caso teve a sentença prevista para outubro,
mas uma alteração não substancial dos factos levou a nova produção de
prova em julgamento e alegações complementares.O
Ministério Público (MP) pediu a absolvição de 11 dos 23 arguidos,
incluindo do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, considerando que a sua
conduta se pautou apenas por uma “omissão do ponto de vista ético”. Já a
pena mais grave –nove a dez anos de prisão – foi pedida para João
Paulino, autor confesso do furto.A
alteração dos factos da acusação levou também a que o julgamento da
morte dos recrutas Hugo Abreu e Dylan da Silva no curso de formação de
comandos, em Alcochete, em 2016, fosse reaberto, estando o acórdão
marcado para 10 de janeiro. O MP pediu a condenação de cinco dos 19
arguidos a penas de prisão entre dois e 10 anos.Outro
caso com desfecho em janeiro, no dia 31, é o processo das
irregularidades na reconstrução das casas que arderam no incêndio de
junho de 2017 em Pedrógão Grande. O julgamento iniciou-se em 26 de
outubro de 2020 e tem 28 arguidos, entre os quais o ex-presidente da
Câmara Valdemar Alves, estando em causa crimes de prevaricação,
falsificação e burla qualificada.Também em
janeiro é ouvida a última testemunha no julgamento do ex-presidente do
BES Ricardo Salgado, por três crimes de abuso de confiança em processo
conexo da Operação Marquês e, nos primeiros meses do ano poderá também
avançar a instrução do caso GES, que envolve o antigo banqueiro e mais
24 arguidos e cujo processo está atribuído em exclusividade ao juiz Ivo
Rosa.Ainda em janeiro, dia 21, está
marcada a decisão do processo Selminho, no qual o presidente da Câmara
do Porto, Rui Moreira, é acusado de prevaricação. O MP pediu a
condenação do autarca a uma pena suspensa e à perda do mandato.Em
curso estão os julgamentos do criador do ‘Football Leaks’ Rui Pinto, do
processo e-Toupeira, em que o ex-assessor jurídico da SAD do Benfica
Paulo Gonçalves é o arguido mais mediático, e dos 88 arguidos do
processo Hells Angels, acusados de associação criminosa, tentativa de
homicídio qualificado agravado pelo uso de arma, ofensa à integridade
física, extorsão, roubo, tráfico de droga e posse de armas.O
final de 2021 ficou marcado pela fuga do ex-banqueiro João Rendeiro
após um dos processos em que foi condenado a prisão já ter transitado em
julgado. Após a emissão de dois mandados internacionais, o
ex-presidente do BPP foi preso na África do Sul, onde hoje deverá
conhecer as medidas de coação antes de enfrentar um pedido de extradição
para Portugal.Em 2022 aguarda-se avanços
na Operação Marquês, após a decisão instrutória em abril, que enviou
para julgamento apenas cinco dos 28 arguidos, reduzindo para 17 a
acusação inicial de 188 crimes. O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi
despronunciado de 25 dos 31 crimes de que estava acusado, mas a decisão
do juiz Ivo Rosa não agradou nem ao ex-primeiro-ministro nem ao MP,
tendo ambos recorrido para a Relação.Por
definir está a Operação Lex, cuja instrução ainda não arrancou, após o
Supremo Tribunal separar o processo, ficando com a parte do
ex-presidente da Relação de Lisboa Vaz das Neves, e remetendo para
julgamento em primeira instância os restantes 16 arguidos, entre os
quais os antigos desembargadores Rui Rangel e Fátima Galante. O caso
envolve uma alegada viciação no sorteio de processos distribuídos na
Relação de Lisboa e um esquema de obtenção de decisões favoráveis.Em
fase de investigação, mas com diligências esperadas em 2022, estão o
caso EDP, que visa os ex-administradores António Mexia e Manso Neto e o
antigo ministro Manuel Pinho (colocado esta semana em prisão
domiciliária a não ser que pague uma caução de seis milhões de euros), o
caso CGD, ligado ao empresário Joe Berardo, Cartão Vermelho, centrado
no ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, e a Operação Miríade,
que tem 11 arguidos, incluindo vários militares, alegadamente ligados ao
tráfico de diamantes, ouro e droga.