2020 é o ano mais mortífero para os “defensores ambientais”
13 de set. de 2021, 18:45
— Lusa/AO online
Segundo
dados compilados num relatório da organização ambientalista, este total
é o mais elevado desde que a Global Witness começou a recolher
informações sobre ataques a “defensores ambientais”, em 2012. Quase
um terço das mortes está relacionado com a exploração de recursos, como
mineração, extração de madeira e projetos de barragens. “Ficou
claro que a exploração irresponsável e a ganância que a crise climática
está a impulsionar também está a gerar violência contra os defensores
da terra e do meio ambiente”, refere-se no relatório.Todas
as mortes, à exceção de uma, ocorreram em países em desenvolvimento no
hemisfério sul e onde as autoridades não conseguiram conter a exploração
madeireira, a mineração e o desenvolvimento industrial, frisou a
organização.Mais da metade das mortes aconteceu em apenas três países: Colômbia, México e Filipinas. A Colômbia registou o maior número de mortes pelo segundo ano consecutivo, com 65, à frente do México (30) e das Filipinas (29).As
conclusões da Global Witness “são horríveis, mas esperadas”, referiu
Mary Lawlor, especialista independente da ONU em defesa dos direitos
humanos, que conduziu investigações semelhantes.“A
corrupção nos sistemas de justiça criminal muitas vezes protege
governos e empresas responsáveis por esses assassínios e os culpados
raramente são levados à justiça”', realçou Lawlor, em declarações à
agência noticiosa à Associated Press (AP). “Até
que haja vontade política para impedir essas mortes, até que essa
corrupção seja erradicada, provavelmente veremos centenas de assassínios
de defensores dos direitos humanos, incluindo os muitos que defendem o
meio ambiente”, acrescentou.A
ameaça aos defensores ambientais tem aumentado constantemente desde o
primeiro relatório da Global Witness, em 2012, quando a organização
contabilizou 147 assassínios em todo o mundo.“[Os
defensores do ambiente] correm riscos porque vivem em ou perto de algo
que alguma empresa está a exigir!”, escreveu Bill McKibben, um
importante investigador sobre as mudanças climáticas, autor e académico
residente no Middlebury College, em Vermont, numa adenda ao relatório.