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15 cidadãos com deficiência passam noite frente ao parlamento em protesto contra cortes nos apoios
Os quinze cidadãos com deficiência que passaram a noite frente ao parlamento em protesto contra os cortes nos apoios do Estado, agasalhados com mantas oferecidas, afirmam hoje que vão ficar até terem uma resposta do Governo.

Autor: Lusa/AO Online

Jorge Falcato Simões, da organização do protesto, disse à agência Lusa que os 15 cidadãos que decidiram permanecer durante a noite frente à Assembleia da República fizeram face ao frio com algumas mantas oferecidas por populares em solidariedade com as suas reivindicações e já de manhã ficaram sensibilizados com o “gesto tocante” de duas jovens.

“Tivemos um gesto realmente tocante de duas jovens, que pela manhã nos trouxeram um chazinho quente e bolachas. Tocou-nos muito e esperamos que esta solidariedade se amplifique e que as pessoas adiram à nossa causa e nos apoiem”, afirmou Jorge Falcato Simões.

Na tarde de terça-feira os manifestantes receberam a visita de dois deputados do Bloco de Esquerda (BE) e à noite foi o próprio líder do partido, Francisco Louçã, que se dirigiu a eles para manifestar “apoio e solidariedade”.

“Esperamos que os deputados dos outros partidos expressem também a sua solidariedade”, apelou o responsável da organização do protesto, que garantiu que os manifestantes vão ficar junto à escadaria do parlamento, “durante o dia e durante a noite”, até terem uma resposta do Governo.

O objetivo da iniciativa, explicou Jorge Falcato Simões, é denunciar os vários cortes em apoios de que têm sido alvo estes cidadãos, os quais dificultam o dia-a-dia de milhares de portugueses com deficiência.

O responsável do movimento (d)Eficientes Indignados considerou “insuficiente” o reforço de um milhão de euros do financiamento aos produtos de apoio a cidadãos com deficiência, anunciado na segunda-feira pelo Governo.

Falcato Simões explicou que o valor este ano disponível para a concessão dessas ajudas representa uma "redução significativa" relativamente às verbas afetas em 2011.

"O que nós exigimos é que seja reposta a totalidade do orçamento do ano passado", frisou.

O ativista referiu que outra revindicação dos manifestantes tem a ver com o corte dos benefícios fiscais decidido em 2007, durante o Governo liderado por José Sócrates.

"Nessa altura, os partidos atualmente no poder [PSD e CDS-PP] estavam na oposição e lutaram connosco e apoiaram as nossas posições" a exigir a reposição desses benefícios, recordou.

Por isso, Falcato Simões exige coerência com as posições então assumidas pelos partidos, instando o Governo de coligação a apresentar as propostas que fez aquando da discussão do Orçamento de Estado de 2009.