Açoriano Oriental
Vulcanólogos do Açores vão estudar erupção de La Palma

Ao todo serão sete os vulcanólogos do IVAR e do CIVISA que terão oportunidade de estudar a erupção do vulcão Cumbre Vieja. A sua missão é estudar o material rochoso que está a ser produzido pelo vulcão e os gases libertados na cratera e nos solos

Vulcanólogos do Açores vão estudar erupção de La Palma

Autor: Ana Carvalho Melo

Vulcanólogos dos Açores vão estudar a erupção do Cumbre Vieja na ilha de La Palma, em Espanha, o que constitui uma oportunidade para se aprender a lidar com uma eventual situação semelhante no arquipélago.

“O ‘know how’ que se adquire com as situações em concreto é muito grande, pelo que só podemos ganhar quando participamos nestas erupções fora dos Açores”, afirmou José Pacheco, diretor do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) da Universidade dos Açores, acrescentado: “Nós preferiríamos que continuasse assim, a não haver essas situações na Região, mas temos de estar preparados e para isso faz diferença a nossa a participação em outras erupções”.

Para estudar esta erupção são dois os grupos de vulcanólogos do IVAR da Universidade dos Açores e do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) que se vão deslocar à ilha espanhola para analisar o material rochoso que está a ser produzido pelo vulcão, mas também os gases libertados na cratera e nos solos.

“Vamos fazer dois tipos de trabalho: um no âmbito da petrologia que será a recolha para análise do material sólido que está a ser produzido; e o outro de estudo da desgasificação do material, sendo que neste domínio vamos estudar o material que está a ser emitido na cratera do vulcão através de medições remotas e a desgasificação que está a ocorrer nos solos à volta do vulcão”, descreveu.

A primeira equipa, que é formada por cinco pessoas, parte para La Palma na próxima semana, prevendo-se que quando esta regressar aos Açores, a segunda equipa, formada por duas pessoas, avance para a ilha espanhola para continuar novas abordagens de trabalho.

O diretor do IVAR realçou ainda que esta oportunidade surge pela relação já estabelecida entre as entidades açorianas e o Instituto de Vulcanologia sedeado nas Canárias.

“Ao surgir esta erupção contactamos os nossos colegas para saber se necessitariam de algum tipo de apoio no âmbito dos projetos que temos em comum. E foi neste contexto que surgiu esta oportunidade para, por um lado, apoiarmos o esforço que está a ser desenvolvido em La Palma e, por outro lado, tomarmos contacto com uma situação que felizmente nunca aconteceu nos Açores”, avançou. 

Esta já não é a primeira vez que vulcanólogos dos Açores participam no estudo de erupções ativas, como aconteceu no caso do vulcão do Fogo em Cabo Verde, uma situação que vem mostrar a qualidade do trabalho que é desenvolvido na Região.

“Esta é uma validação do trabalho que fazemos e é sempre bom vermos o nosso trabalho reconhecido”, concordou, lembrando que se trata de “uma recompensa e uma aprendizagem, dado que felizmente nunca tivemos uma situação destas cá nos Açores”.

Mas ir para um local onde existe uma erupção ativa também apresenta os seus perigos, situação de que José Pacheco afirma que toda a equipa tem consciência, revelando que nesse sentido terão de ser tomadas medidas de proteção durante a realização dos trabalhos de campo.

“As medidas normais recomendadas são a utilização de capacetes quando estamos próximos da zona eruptiva, máscaras integrais para proteger os olhos e a respiração, quer das poeiras quer dos gases, a utilização de roupa refletora, assim como de mangas e calças cumpridas para evitar o contacto direto com a pele do material”, descreveu.


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