Açoriano Oriental
Verão permite “recuperação tímida” às empresas de observação de cetáceos nos Açores

As empresas de observação de cetáceos nos Açores estão a ter uma “recuperação tímida” durante este verão, com um aumento das viagens face a 2020, mas longe dos números registados antes da pandemia da Covid-19.

Verão permite “recuperação tímida” às empresas de observação de cetáceos nos Açores

Autor: Lusa/AO Online

“O negócio já esteve pior, mas em relação aos outros anos ainda é pouco. É uma recuperação tímida, mas também somos uma empresa familiar, pequenina, não temos contratos com agências ou hotéis”, afirmou José Fernando Costa, da empresa Moby Dick, em declarações à agência Lusa.

A empresa tem um barco com capacidade para 56 pessoas, mas devido às regras de controlo da pandemia da Covid-19 todas as embarcações de observação de baleias e golfinhos estão limitadas a dois terços da lotação.

“Antes da pandemia, nesta altura do ano, o barco andava cheio todos os dias, de manhã e à tarde. Agora só conseguimos fazer a viagem de manhã. Vamos ver se, ao longo do verão, vai dar para fazer as duas viagens”, apontou.

A Moby Dick tem seis funcionários e trabalha de março a novembro num “ano normal”.

Por ter atividade sazonal, não teve direito aos apoios do regime de 'lay-off' criados para apoiar algumas empresas durante a pandemia de Covid-19.

“Somos uma empresa familiar e não trabalhamos o ano todo. Como não temos o pessoal o ano todo, não tivemos direito a regime ‘lay-off’. Os poderosos é que têm o poder todo, os mais pequeninos sofrem”, criticou José Fernando Costa, esperançoso de que o mês de agosto permita “recuperar mais um bocado”.

A observação de cetáceos tornou-se um dos serviços mais procurados pelos turistas que viajam para os Açores, sendo que em 2019, antes da pandemia da Covid-19, o arquipélago registou o maior número de dormidas de sempre: cerca de 972 mil.

Em 2020 foram cerca de 293 mil.

O diretor executivo da Futurismo, Ruben Rodrigues, considera que o verão deste ano tem permitido “alguma recuperação”, mas salienta que o negócio está “muito dependente” das medidas aplicadas nos diferentes países quanto à entrada e saída de pessoas.

“Este ano, há uma visível recuperação por quem anda por aí nos miradouros, nos restaurantes e nos hotéis. Há uma recuperação, mas que não sei se vai ter consequência no futuro próximo”, afirma.

Para já, ainda não é fácil quantificar a recuperação, porque o verão “ainda agora começou” e o número de viagens é “sempre relativo”.

“Um dia bom”, diz, é quando as oito embarcações da empresa (dois catamarãs, um de fibra de vidro e cinco semirrígidos) “saem todas” para o mar.

“Estamos muito longe de 2019, mas também estamos significativamente acima de 2020. Para chegarmos a 2019 ainda falta muita coisa”, refere o diretor da empresa que faturou três milhões de euros em 2019 e tem cerca de 50 funcionários permanentes.

Ruben Rodrigues não prevê um futuro risonho: a partir de “meados de setembro”, com a “entrada da época baixa”, as dificuldades devem voltar a aumentar.

“Vamos passar mais uns meses de aflição e de grandes incertezas, sobretudo para nós, que temos uma responsabilidade muito grande em termos do número de colaboradores e dos compromissos que temos”, aponta.

Por isso, diz ser necessário “arrojo” e “capacidade de inovar” para encontrar “novos mercados para os Açores”, de modo a que “a época baixa não seja tão baixa assim”.

Para a Picos de Aventura, o verão de 2021 também tem sido sinónimo de recuperação face ao “ano muito difícil” de 2020.

A empresa, com cerca de 30 funcionários, 20 dos quais ligados à observação de cetáceos, registou em 2020 uma quebra na faturação e no número de passageiros de “85% a 90%”.

“Este verão já estamos a sentir alguma recuperação relativamente a 2020, o que é muito natural face àquilo que tem sido o aliviar de algumas medidas e, consequentemente, a facilidade de viajar para os Açores”, afirma Tiago Botelho, coordenador comercial.

O empresário diz ainda não ser possível quantificar a recuperação, uma vez que as “contas serão feitas no final do verão” com “dados mais concretos”.

Num período pré-pandemia a Picos de Aventura tinha as seis embarcações a “sair para o mar de manhã e de tarde todos os dias”, durante o verão.

“Nesta altura do ano, felizmente já registamos uma dinâmica de sairmos para o mar de manhã e de tarde embora não consigamos ainda colocar todos os barcos a sair todos os dias nos dois horários”, assinala.

Tiago Botelho mostra-se confiante de que o mês de agosto vai ter uma “procura crescente em linha com julho”, um movimento que ainda se deverá registar em setembro.

“A partir dai, outubro e novembro, estamos muito dependentes daquilo que será o evoluir da pandemia, mas ao mesmo tempo esperançosos de que o avançar da vacinação em todo o mundo vai garantir mais conforto para pessoas virem para os Açores", conclui.


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