Autor: Lusa/AO Online
O grande objetivo é “confrontar o sistema português com as suas debilidades em função das experiências de outros países”, afirma Jaime Carvalho e Silva, especialista em ensino de matemática na UC e coordenador do estudo.
“Queremos perceber que exames são feitos, quem os produz e como os produz, como são corrigidos e como é controlada a qualidade das provas”, acrescenta o docente do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.
“Vamos também avaliar, por exemplo, se os conteúdos são alinhados com os programas ou próprios do exame, o tipo de exame (escolha múltipla, resposta curta, desenvolvimento, escrito, oral, defesa de trabalhos, etc.), bem como o material autorizado” (tabelas, calculadoras, computadores, por exemplo), adianta.
A escolha reflete sistemas muito distintos, sustenta o docente de matemática, referindo que França é “um país com exames finais nacionais do secundário muito prestigiados e tradicionalmente exigentes”.
Já na Coreia do Sul, “país asiático do topo dos rankings internacionais” ou em Singapura, “muito mencionado em discussões sobre a qualidade dos sistemas educativos”, e nalguns outros países, como EUA, Canadá, Alemanha e Austrália, “nem sequer há exames nacionais (mas há exames na maioria dos Estados, embora não em todos)”, afirma o especialista.
Em Portugal, os exames nacionais são “regularmente motivo de polémica”, mas “não existe qualquer estudo sobre a matéria, nem relatórios técnicos que permitam avaliar a qualidade e a eficácia do sistema”, refere, sublinhando a importância desta investigação.
Os exames em Portugal têm sido “um tema maldito e a discussão tem estado viciada, a grande maioria dos debates atuais é bastante superficial ou artificialmente politizada”, frisa ainda o professor de matemática.
“Os exames são uma prova externa necessária”, mas “o grande problema é que se pretende resolver as deficiências do sistema educativo português com recurso a provas nacionais”, adverte Jaime Carvalho e Silva.
Designado “Comparação dos exames nacionais em Portugal com os de 12 outros países” (EUA, Canadá, Irlanda, Holanda, Alemanha, França, Espanha, Noruega, Coreia do Sul, Singapura, Brasil e Austrália), o estudo é financiado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Envolvendo uma equipa multidisciplinar da UC e vários professores do ensino básico e secundário, a investigação pretende também “um debate público, sem preconceitos, sobre os exames nacionais”, refere a UC, acrescentando que “vão ser realizadas várias conferências, em Coimbra, abertas ao público”.
A primeira conferência está agendada para quarta-feira, no Departamento de Matemática da UC, com a participação, designadamente, do presidente do Conselho Nacional de Educação, David Justino.