Açoriano Oriental
Única filarmónica do Corvo estreia marcha na festa da padroeira
A única filarmónica do Corvo vai tocar pela primeira vez, a 15 de agosto, uma marcha oferecida por um terceirense e que é dedicada à padroeira da mais pequena ilha do arquipélago, Nossa Senhora dos Milagres.
Única filarmónica do Corvo estreia marcha na festa da padroeira

Autor: Lusa/AO Online

“Essa música foi feita por um senhor que ofereceu à filarmónica daqui, porque a esposa esteve no IPO e ele fez uma música a agradecer a Nossa Senhora [por] a mulher ter ficado boa”, afirmou a presidente da filarmónica, Paula Dias, em declarações à Lusa, revelando ainda que esta “obra inédita” será a primeira marcha a ser tocada na procissão.

Paula Dias adiantou que a marcha se denomina “Obrigada Senhora do Céu” e já foi ensaiada “várias vezes” pela filarmónica, que continua sem maestro efetivo, para que “possa ser executada na perfeição na estreia, este sábado”.

A Sociedade Filarmónica Lira Corvense, composta atualmente por cerca 30 músicos de ambos os sexos foi fundada em novembro de 1938, mas “a partir da década de 50, morreu”, em grande parte devido ao surto emigratório para os EUA e Canadá, tendo renascido nos anos 90 do século XX.

A presidente da filarmónica explicou que, apesar de ser “difícil” encontrar na ilha um maestro residente, os ensaios decorrem duas vezes por semana e estão a cargo de um professor de música da Escola Mouzinho da Silveira.

“Os miúdos gostam muito de tocar e estão muito entusiasmados”, disse Paula Dias, acrescentando que os elementos da única filarmónica do Corvo “são muito jovens” e têm quase todos um grau de parentesco, pelo que o ambiente é “muito familiar”.

Segundo disse Paula Dias, que toca há 25 anos, o elemento mais novo da filarmónica tem oito anos e o mais velho mais de 60 anos.

Apesar de sentirem o peso da responsabilidade por serem a única filarmónica na ilha, Paula Dias referiu que a festa da padroeira, em agosto, é um dos momentos altos para a banda, mas, ao longo do ano, são chamados a participar noutros eventos festivos, como o Espírito Santo, por exemplo.

“Temos de estar sempre disponíveis para as festas todas. É uma ilha com 400 e tal habitantes e aqui é quase tudo família, portanto, toda a gente tem um sobrinho, filho ou irmão [a tocar]. As pessoas até ficam emocionadas quando veem a sua família a tocar na filarmónica. Por acaso gostam muito”, afirmou Paula Dias.

A presidente da filarmónica recordou que, durante os anos em que a banda esteve inativa, era preciso chamar grupos de outras ilhas para atuar nas festas do Corvo ou usar um gravador para as procissões.

“Era triste. Não tem nada a ver. Agora é completamente diferente”, sustentou Paula Dias, revelando que a filarmónica adquiriu “há pouco tempo” dois trombones de varas para substituir os instrumentos que se tinham estragado.

A Sociedade Filarmónica Lira Corvense foi uma das instituições homenageadas em 2013, no dia da Região Autónoma dos Açores, com uma insígnia autonómica de mérito cívico.

Nos Açores há mais de uma centena de filarmónicas ativas nas nove ilhas do arquipélago, instituições que funcionam como autênticas escolas gratuitas de formação musical para as novas gerações.

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