Em
declarações aos jornalistas no final de uma cimeira informal de líderes
da UE e dos seis parceiros dos Balcãs Ocidentais -Sérvia, Kosovo,
Macedónia do Norte, Albânia, Montenegro e Bósnia e Herzegovina -,
celebrada na localidade de Kranj, nas proximidades de Ljubljana, Costa
lembrou que “a posição de princípio” de Portugal, e reafirmada neste
Conselho, “é a de ser sempre favorável à adesão de novos Estados-membros
à UE”, mas deixou vários alertas.Segundo
Costa, “há três realidades a sublinhar”, e a primeira é que “é
fundamental que os próprios países comecem por resolver os seus
problemas bilaterais, os seus problemas de âmbito regional, antes de a
UE os importar”. “O
caso mais evidente e conhecido é o caso das dificuldades que têm
conduzido a Bulgária a vetar o início da conferência intergovernamental
para a adesão da Macedónia do Norte. Há outros, e é fundamental que
esses países se entendam entre si antes de terem em conta a adesão”,
destacou.Em
segundo lugar, prosseguiu, “é absolutamente fundamental que estes
países candidatos reflitam bem sobre a Europa do futuro”, porque o bloco
“tem já a experiência de países que entraram como campeões do
europeísmo e que hoje pontuam pelo seu euroceticismo e por porem em
causa valores fundamentais da UE”. “Por
isso, para que no futuro não haja problemas mútuos, é bom que essa
reflexão seja feita à partida, de forma a não reproduzir com novos
candidatos problemas que existiram com a última ronda” de alargamento,
disse, referindo-se à entrada de 10 países em 2004 (Chipre, Eslováquia,
Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e
República Checa), que foi seguida da adesão de Bulgária e Roménia em
2007 e da Croácia, o mais jovem membro, em 2013.Insistindo
que “a própria UE tem de acabar de arrumar a casa antes de ter novos
convidados”, Costa lembrou que foi recentemente lançada uma conferência
sobre o futuro da Europa e apontou que “é manifesto que há debates que
são bastante polarizados sobre o que é que deve ser o futuro da Europa”,
pelo que “é bom que haja uma decisão e uma arrumação da casa prévia”
antes de abrir as portas a novos Estados-membros.“Convém
não esquecer que, aquando da última vaga de alargamentos, a Europa
hesitou sobre se deveria aprofundar primeiro ou alargar primeiro. Bom,
hoje todos estamos certos de que teríamos sido prudentes em resolver
primeiro o aprofundamento antes do alargamento, é um erro que não
devemos repetir”, sublinhou.Lembrando
como terceira realidade a posição de princípio de Portugal, um país que
sabe bem como a adesão à então CEE foi decisiva para a estabilização da
democracia, para a construção de um Estado de direito democrático e
para o desenvolvimento económico, benefícios que entende que “todos os
outros” também devem ter direito, Costa salientou todavia que os tempos
eram outros em 1986.“Contudo,
tal como nós entrámos em condições de poder ser um valor acrescentado, e
não um problema acrescentado à UE, tal como nós entrámos numa altura em
que a UE tinha a sua casa arrumada, obviamente que os próximos
alargamentos exigem que a UE nem importe problemas, mas também que tenha
a casa suficientemente arrumada, com as escolhas devidamente feitas,
para que aqueles que vierem saibam ao que venham e tenham todas as
plenas condições de integração”, concluiu.Numa
declaração adotada na cimeira com os parceiros dos Balcãs, os
líderes dos 27 reafirmam o seu “apoio inequívoco à perspetiva europeia
dos Balcãs Ocidentais”, saúdam “o compromisso dos parceiros dos Balcãs
Ocidentais com a perspetiva europeia”, que dizem ser do interesse
estratégico muto, e “reconfirmam o seu compromisso com o processo de
alargamento”, baseado em reforças credíveis e condicionalidade justa e
rigorosa, mas sem se comprometerem com qualquer calendário.