UE só avança com sanções à Rússia "em reação a factos"
Ucrânia
21 de fev. de 2022, 18:58
— Lusa/AO Online
“Temos
de estar vigilantes, é assim que saímos [da reunião dos chefes da
diplomacia da UE]. […] Temos de estar em ‘stand-by’, prontos para ir
vendo o evoluir da situação e reagir imediatamente, se for esse o caso”,
disse o ministro Augusto Santos Silva.Falando
aos jornalistas portugueses em Bruxelas após uma “reunião longa” sobre a
crise ucraniana, o chefe da diplomacia portuguesa apontou que,
“infelizmente, ao longo do dia de ontem [domingo] e de hoje,
sucederam-se sinais que são absolutamente contraditórios”.“Desde
logo a decisão inopinada da Rússia e Bielorrússia de prosseguirem com
os exercícios militares conjuntos além do dia previsto para o seu
término, que era ontem, domingo, assim desdizendo o que tinham dito há
dias”, referiu Santos Silva.Hoje,
prosseguiu, a diplomacia europeia foi confrontada com “as declarações de
Moscovo que mostram alguma relutância na realização da cimeira [do
presidente norte-americano Joe] Biden com [o presidente russo Vladimir]
Putin e mostram que a condição essencial para que os contactos
diplomáticos prossigam e sejam frutíferos, que é a Rússia comprometer-se
com o desagravamento da situação e com a posição de, em nenhuma
circunstância, invadir militarmente território ucraniano, essa condição
está longe de ser dada por garantida”.Já
questionado sobre eventuais sanções financeiras à Rússia, o ministro
português vincou: “A nossa posição é muito simples e é a de sempre e nós
não usamos a figura das sanções preventivas, nós tomamos medidas quando
elas são necessárias e tomamos medidas restritivas quando são
indispensáveis, devidamente ancoradas e fundamentadas juridicamente”.“Tomamos
medidas em reação a factos e não em prevenção”, acrescentou,
ressalvando ainda assim que o “trabalho técnico continua”, sendo que “a
decisão política será tomada se e quando os acontecimentos justificarem
essa tomada de decisão”.“Qualquer agressão
militar da Rússia à Ucrânia terá como resposta imediata um pacote de
sanções económicas muito duras da parte da UE”, reforçou ainda.O
Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o
regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000
soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma
potencial invasão do país vizinho.Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.Nos
últimos dias, o clima de tensão agravou-se ainda mais perante o aumento
dos confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos
no leste do país, na região do Donbass, onde a guerra entre estas duas
fações se prolonga desde 2014.O Kremlin
anunciou ao final do dia que o Presidente russo, Vladimir Putin, vai
reconhecer, em breve, a independência dos territórios separatistas
pró-Rússia no leste da Ucrânia."Um decreto
nesse sentido será assinado em breve", disse a Presidência russa, de
acordo com uma fonte do Kremlin, que acrescentou que Putin informou o
seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf
Scholz, mediadores do conflito no leste da Ucrânia, desta decisão, tendo
estes reagido expressando a sua “deceção".