Autor: Lusa / AO online
Numa sessão de esclarecimento no final de fevereiro na Serra de Arga, no distrito de Viana do Castelo, organizada pela Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico (ACHLI), o diretor regional de Agricultura do Norte, Manuel Cardoso, defendeu, que “se o lobo pode ser uma fonte de prejuízo é uma enorme oportunidade” para obter rendimento, o que motivou risos e protestos de dezenas de presentes.
A ideia é também defendida pelo investigador da Universidade do Porto Francisco Álvares, que disse à Lusa que a presença de lobos “pode, na realidade, ser um promotor de desenvolvimento local através de atividades turísticas, de valorização dos produtos agrícolas e pecuários produzidos”.
A título de exemplo, Francisco Álvares usa o caso de países europeus em que produtos como o mel são valorizados, de diversas formas, por serem desenvolvidos em zonas de ursos.
“Podem os proprietários sofrer alguns ataques, mas esse mel é certificado e isso pode ser transposto para estes produtos pecuários. Penso que é este o caminho que temos que seguir”, frisou o investigador, recordando o estatuto do lobo ibérico como espécie protegida.
Em fevereiro, na sessão que teve lugar na União de Freguesias de Arga, o diretor regional de Agricultura do Norte realçou que aquilo que se pode ganhar, em termos de rendimento, com as atividades turísticas poderá ser até superior à venda dos animais.
As reações, na altura, passavam por frases como: “Ganhar dinheiro? É tirar o casaco das costas e meter o pelo do lobo”.
“Os lobos podem e devem constituir uma oportunidade de negócio”, insistiu Manuel Cardoso.