Transporte marítimo nos Açores com nova greve agendada para março
23 de fev. de 2022, 16:02
— Lusa/AO Online
Num
comunicado enviado às redações, a empresa pública adianta que o
Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens,
Transitários e Pesca (SIMAMEVIP), apresentou um novo aviso prévio de
greve na Atlânticoline, de 01 a 31 de março.De
acordo com a empresa, o Tribunal Arbitral definiu como "serviços
mínimos diários" as viagens da Linha Azul Horta/Madalena, das
07h30/17h15, e Madalena/Horta, das 08:15/ 18h00 e, na Linha Verde, as
das 09h00, 09h40, 11h15 e 12h50 entre Horta/Madalena, Madalena/Velas,
Velas/Madalena, Madalena/Horta, respetivamente."As
viagens definidas como de serviços mínimos terão a sua realização
garantida (naturalmente sujeitas às condições meteorológicas), sendo que
todas as demais poderão ou não realizar-se, consoante a adesão dos
colaboradores à greve", lê-se no comunicado.A empresa recomenda que os passageiros façam as suas reservas e viagens nos horários dos serviços mínimos."Ficam
assegurados todos os serviços necessários à realização das operações de
transporte determinadas por situações de emergência, designadamente de
urgência hospitalar, naufrágio, intempérie ou outras situações de força
maior, entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge", explica a
Atlânticoline.A
greve na Atlânticoline decorre desde dezembro de 2021, mantendo-se o
diferendo entre a empresa pública de transporte marítimo entre ilhas e o
Sindicato.No
comunicado de hoje, a Atlânticoline diz que, a 03 de fevereiro, o
SIMAMEVIP apresentou uma contraproposta ao proposto pela empresa a 19 de
janeiro".“Lamentavelmente,
a proposta do sindicato, como sempre, gorou por completo as
expectativas de uma resolução do diferendo", pelo facto de ser "proposto
um novo aumento do salário base na categoria de marinheiro" e "a
redução do limite anual máximo de horas extraordinárias", observa a
empresa. A
Atlânticoline considera que o sindicato "tem agido com má-fé negocial",
justificando que "sempre que a empresa acede ao aumento proposto, o
sindicato propõe mais alterações, mantendo as negociações num constante
impasse".A
empresa refere que recentemente, com a publicação do Decreto-Lei n.º
92/2018 de 13 de novembro, "os colaboradores agora em greve viram as
suas deduções de IRS reduzidas para 0% e as contribuições para a
Segurança Social reduzidas para 1,9%".O sindicato "exige aumentos salariais fora da razoabilidade", aponta a empresa.“É
incompreensível, em anos marcados pela crise pandémica, em que se
assistiu a uma forte quebra da atividade económica mundial, com
despedimentos, reduções de vencimento e pedidos de lay-off", acrescenta.
A
Atlânticoline adianta ter informado na terça-feira o sindicato de que,
"caso este não aceite, até 02 de março”, a proposta enviada pela empresa
a 19 de janeiro, vai ser requerida à Direção dos Serviços de Trabalho
"a resolução do diferendo" pelo "procedimento por conciliação".A
Atlânticoline lamenta também que o sindicato "não tenha acedido ao
pedido da empresa de incluir nos serviços mínimos outras viagens"."Aliás,
pelo sindicato não existiriam quaisquer viagens, exceto as de
emergência. A Atlânticoline lamenta a atitude do sindicato e os graves
transtornos que está a causar aos que pretendem utilizar os nossos
serviços", diz a empresa.Contacto
pela agência Lusa, o dirigente sindical, Clarimundo Baptista, afirmou
que o sindicato "nunca interrompeu as negociações" e "está disposto" a
reunir com a empresa."Não
podemos é ocultar que a empresa usa anualmente 700 horas a mais, quando
a lei prevê no máximo 200 horas anuais. A situação não foi criada por
nós. O problema chegou quando os trabalhadores pediram aumentos",
sustentou Clarimundo Baptista.O dirigente sindical responsabilizou ainda "a administração e o gabinete jurídico" da empresa pela atual situação de impasse."O
sindicato não está a impedir qualquer negociação. Os trabalhadores
trabalham muito e ganham mal", vincou, lamentando que "infelizmente"
sejam "os doentes, que fazem a travessia do canal Pico, Faial e São
Jorge, aqueles que estão a pagar pela greve".