Açoriano Oriental
Toxicodependência nos Açores motiva troca de argumentos no parlamento regional

A bancada do PSD no parlamento dos Açores criticou esta quarta-feira o Governo Regional pelo facto de o arquipélago figurar "no pódio" das regiões com maior consumo de estupefacientes do país, mas o executivo advoga que há regiões ainda pior.

Toxicodependência nos Açores motiva troca de argumentos no parlamento regional

Autor: Lusa/AO Online

"Os Açores estão no pódio nacional das maiores prevalências no consumo de qualquer droga na população. No consumo de cocaína, na prevalência do consumo recente de ecstacy, na prevalência do consumo de anfetaminas, alucinogénicos e sedativos não prescritos", lembrou Carlos Ferreira, deputado do PSD, durante um debate de urgência na Assembleia Regional sobre a problemática da toxicodependência.

No entender do social-democrata, estes dados, revelados pelas estatísticas divulgadas em 2018, demonstram "dados preocupantes", lamentando que a região não disponha de uma "verdadeira estratégia de combate às toxicodependências", que permitam reverter estes números.

Contudo, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, clarificou, durante este debate parlamentar, que "os Açores não são a pior região do país" em matéria de consumo de estupefacientes, realçando o facto de o arquipélago revelar mesmo um trajeto de "melhoria", enquanto outras regiões do país, mostram um trajeto "em sentido contrário".

"Isso descansa-nos?", questionou o chefe do executivo açoriano, para logo responder: "Não! Não nos descansa! Nós julgamos ter consciência da dimensão da tarefa que temos à nossa frente, mas temos também uma consciência muito clara daquilo que, o melhor trabalho possível da parte do Governo, significa para cada uma das famílias que são afetadas por este drama".

O secretário regional da Saúde, Rui Luís, que também participou no debate, lembrou que a Universidade dos Açores está a realizar um estudo mais pormenorizado, que irá permitir determinar, com rigor, qual a dimensão do problema das toxicodependências em cada uma das nove ilhas açorianas.

"O estudo vai ser entregue, vai ser disponibilizado e teve a ambição de ser alargada a amostra de 2 mil para 12 mil jovens", explicou o governante, reconhecendo que houve um atraso de alguns meses na sua elaboração, exatamente para permitir "melhorar a amostra" e ser mais abrangente.

Artur Lima, líder da bancada do CDS no parlamento dos Açores, entende que é preciso apostar, entretanto, no combate ao tráfico de drogas nos Açores, sugerindo mesmo um reforço dos meios de fiscalização, para combater a entrada e saída de estupefacientes na região.

"Nós vivemos em ilhas, e a droga não vem do espaço, portanto ou entra pelo mar, ou entra pelo ar. Não há fiscalização das encomendas que vêm dos Correios, não há fiscalização de contentores que vêm em navios, não há nada", lamentou o parlamentar centrista.

Também Paulo Estêvão, do PPM, considera que o Governo Regional podia e devia fazer mais e melhor, no sentido de reduzir o consumo de drogas e, simultaneamente, apoiar as famílias afetadas por este flagelo social.

"Todos os dias há jovens açorianos que caem nas dependências, que têm as suas vidas destruídas, devido à inépcia do Governo Regional nesta matéria. Muito podia estar a ser feito e não está a ser feito, porque o Governo, nesta matéria, está a ser incompetente", acusou o parlamentar monárquico.

A bancada da maioria socialista já anunciou, entretanto, que irá chamar o secretário regional da Saúde à Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Regional, para explicar os dados do estudo, quando o documento estiver concluído.


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