Açoriano Oriental
Suspensão de pesca do goraz em São Miguel contribui para "ano catastrófico"
O presidente da Federação das Pescas dos Açores, Gualberto Rita, admitiu que a suspensão da pesca ao goraz em São Miguel, publicada em jornal oficial, contribui para um "ano catastrófico para as pescas" no arquipélago.
Suspensão de pesca do goraz em São Miguel contribui para "ano catastrófico"

Autor: Lusa/AO online

 

"Estamos aqui a prever um dos piores anos de que há memória das pescas, agora com o fecho da quota do goraz, com o fecho também da quota dos Béryx (alfonsim e imperador) que ocorreu na semana passada e com a escassez do atum que se tem notado. Estamos a prever um ano catastrófico para as pescas", afirmou Gualberto Rita.

A suspensão da pesca do goraz em São Miguel surge na sequência de já se ter atingido 90% da quota, sendo que noutras ilhas do arquipélago a situação é pior ou semelhante e que ao nível dos Açores ela já está na ordem dos 85%.

"Em São Jorge já ficou interdito há cerca de um mês atrás porque esgotaram a sua quota, na Terceira há algumas embarcações que já deixaram de pescar porque atingiram a quota. No Pico já estamos na ordem dos 85%. Ou seja, muito em breve vai haver essa inibição na pesca", disse Gualberto Rita.

Apesar desse cenário, o presidente da Federação das Pescas dos Açores considera que é em São Miguel e Terceira que a proibição de pesca do goraz terá "maior impacto", porque é nessas ilhas que existe maior número de embarcações e que a falência de empresas só pode ser evitada se as quotas atribuídas à Região forem revistas.

"Nós não estamos de acordo com as quotas que têm sido aplicadas à Região, principalmente nessa questão do goraz, e achamos que o Governo tem de ter um papel mais reivindicativo sobre esse assunto. De há cerca de três anos para cá nós tivemos aqui um corte na ordem dos 55%, ou seja, viemos de 1.116 toneladas para 507", especificou.

Gualberto Rita lembrou que o goraz representa "25% do rendimento dos pescadores" e que existia a expetativa de aumentar a quota para o próximo ano "para, pelo menos, 678 toneladas", mas os "dados científicos" que têm sido comunicados à Comissão Europeia não têm ajudado o sector.

"A quota só aumentará se a Região apresentar dados científicos que assim o justifiquem. O departamento de oceanografia e pescas poderá estar a dizer aqui que o recurso está com problemas e nós não achamos isso. Aliás, se houvesse [problemas], não havia goraz e nós achamos que há goraz", afirmou.

Gualberto Rita referiu, ainda, que o que se passou em São Miguel "é algo inédito", segundo o relatado pelos " históricos" que apontam que, normalmente, o que se captura são dez toneladas de goraz por mês e que este ano chegou às 18 ou 20 toneladas por mês.

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