Surfistas voltam a sentir liberdade no regresso ao mar da Ericeira
Covid-19
6 de mai. de 2020, 16:41
— Lusa/AO Online
"É
uma sensação muito boa. Já estava com bastantes saudades de surfar e
sinto-me bastante relaxado e descontraído neste momento", afirma João
Pedro Feliciano, de 15 anos.O surfista,
que corre os circuitos regionais, repete a experiência pela segunda vez
desde que foi autorizada a utilização das praias para desportos
individuais, determinada com o fim do estado de emergência.Num
dia em que a inexistência de vento fazia adivinhar boas ondas logo ao
início da manhã, foi bem cedo para Ribeira d’Ilhas, onde pelas 08h00
eram já mais de 20 os surfistas dentro de água, distribuídos ao longo da
frente de mar.Um deles era Pedro Guerra
Alves e o filho. Ao fim de dois meses em casa a trabalhar e com quatro
filhos, o consultor considera "maravilhoso poder voltar e poder sentir
outra vez a liberdade do mar"."Faz tão
bem", sublinha à Lusa, lembrando que foi esta qualidade de vida que o
levou, há 14 anos, a mudar a residência de Lisboa para a Ericeira.Nos 25 anos que leva a surfar, só se lembra de ter sido forçado a parar três meses devido a uma cirurgia que realizou.Já
Matilde Pinto, de 15 anos, surfista a competir no campeonato nacional,
nunca se viu forçada a parar, tal como João Pedro Feliciano, e desde
segunda-feira tem aproveitado ao máximo."Temos de ter imenso cuidado, mas foi muito bom porque já tinha imensas saudades", diz.Além
do distanciamento social e não permanência no areal, o município de
Mafra limitou a uma única sessão diária de 120 minutos para pescadores
lúdicos, 90 minutos para surfistas e 60 minutos para quem faz
caminhadas, através de cartazes afixados à entrada de cada praia."É
um tempo suficiente para que possam desfrutar e fazer o seu desporto",
explica o presidente da autarquia, Hélder Sousa Silva, justificando que
os limites impostos se devem à elevada procura destas praias e "à
pressão com o regresso ao mar".Sem coimas
previstas até pelo menos ao início da época balnear, o autarca faz
depender "do civismo e da responsabilidade" o cumprimento das "regras de
convivência na orla costeira".Apesar de
haver fiscalização da Polícia Marítima, Polícia Municipal e GNR, o
presidente da câmara admite que "não existe capacidade para andar atrás
de cada surfista, de cada pescador ou de cada caminheiro".Entre
os surfistas, a opinião é unânime: os 90 minutos são mais do que
suficientes para manter uma atividade saudável e são uma maneira de não
estar tanta gente.Dentro e fora de água, todos tentam manter as distâncias mínimas de segurança.Segundo Hélder Sousa Silva, "os primeiros dias estão a correr bem".Os
dias de isolamento social foram difíceis, confessam os surfistas com
quem a Lusa falou, mas muitos foram criativos e, além do tempo passado
em família, optaram por outro tipo de desportos, como é o caso de Pedro
Guerra Alves, que fez piscina, skate, treino em casa e andou a cavalo.Já Matilde Pinto, aproveitou para "treinar a parte física e a mobilidade para quando voltasse ao mar e à competição".