Autor: Lusa/AO online
O oceano não é um mundo de silêncio e as atividades humanas fizeram aumentar a intensidade sonora em pelo menos 20 decibéis nos últimos 50 anos, com consequências nefastas para a fauna, refere o estudo.
Para medir o impacto desta poluição sonora nas técnicas de alimentação das baleias-de-bossa (Megaptera novaeangliae) nas águas costeiras do Atlântico Norte, investigadores norte-americanos e britânicos equiparam dez destes enormes cetáceos com monitores não invasivos.
O aparelho regista simultaneamente os movimentos do animal e o ruído ambiente, permitindo aos investigadores observar que o simples ruído de um navio altera as técnicas de caça submarina do animal. Com estas interferências, a baleia-de-bossa, ou jubarte, mergulha de forma mais lenta e roda com menos frequência - em alguns casos deixa mesmo de rodar - debaixo de água.
Os dois fatores contribuem diretamente para uma quebra da quantidade de peixe apanhado pela baleia.
Para pescar, "a baleia mergulha e desloca-se junto ao fundo. Ao rasar o fundo, ela coloca-se regularmente de lado e abre a boca para apanhar cardumes de um peixe chamado galeota (Ammodytes sp.), que vive enterrado na areia", explicou Hannah Blair da universidade de Syracuse, nos Estados Unidos, e coautora do estudo.
Cada rotação do animal corresponde a uma refeição, mas em 18 mergulhos observados pelos investigadores e realizados durante a passagem de um navio, cinco não incluíram qualquer movimento de rotação.
Nos últimos anos, os cientistas já identificaram numerosas consequências do ruído humano no mar.
O som é a base da comunicação dos cetáceos e é o que lhes permite "ler" aquilo que os rodeia. A audição é tão importante para eles, como a visão é para os seres humanos.
Se existir demasiado ruído ambiental, as baleias têm dificuldade em comunicar, comer, reduzindo também as capacidades de orientação e reprodução.