Autor: Lusa / AO online
“O desemprego na maior economia do mundo ainda é alto, as crises de débito de alguns países continuam a aprofundar-se e os preços das mercadorias e as taxas de câmbio não estão estáveis, o que poderá causar algum retrocesso na recuperação económica”, disse o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao.
Respondendo aos Estados Unidos e à União Europeia, que consideram a cotação do yuan artificialmente baixa para favorecer as exportações chinesas, Wen Jiabao afirmou que a moeda “não está subavaliada” e defendeu que a política cambial de um país “deve depender da sua situação económica”.
O primeiro ministro chinês assumiu-se como “um forte defensor do comércio livre” e garantiu que “a China nunca procurará a hegemonia, mesmo quando estiver desenvolvida”.
No plano interno, Wen Jiabao admitiu que o modelo de desenvolvimento da China, muito assente, até agora, nas exportações, “não poderá mudar num curto espaço de tempo” e alertou que 2010 será “o ano mais complexo”.
“Inflação, injusta distribuição de rendimentos e corrupção podem afetar a estabilidade social e até o poder do Estado”, disse Wen Jiabao numa conferência de imprensa após o encerramento da reunião anual da Assembleia Nacional Popular.
Questionado sobre a disponibilidade de a China desempenhar “um maior papel” na cena internacional, Wen Jiabao salientou que o país “está ainda na primeira fase de desenvolvimento” e que o atual processo de modernização deverá demorar “cem anos ou mais”.
A Assembleia Nacional Popular chinesa, que reuniu durante dez dias em Pequim, com cerca de três mil delegados, é “o supremo órgão do poder de Estado na China”.
No relatório do Governo, aprovado por 97, 4 por cento dos votos, Wen Jiabao preconiza para 2010 um crescimento económico de “cerca de 8 por cento”, meta idêntica à alcançada o ano passado (8,7 por cento).
Em 2010, a China deverá tornar-se na segunda maior economia do mundo mas o PIB per capita ronda apenas quatro mil dólares - menos de um quinto de Portugal, por exemplo.