Autor: Lusa/AO Online
“Somos a única rádio que chega às nove ilhas dos Açores. Temos esta obrigação de tocar todas as ilhas e, sempre que possível, os 19 concelhos, o que não é tarefa fácil. É cada vez mais difícil, porque somos cada vez menos”, afirmou hoje à agência Lusa o chefe de redação da Antena 1 Açores, Paulo Alves.
Com 25 anos de serviço na estação, Paulo Alves recorda várias notícias e reportagens que fez, com destaque para a catástrofe de 1997 na Ribeira Quente, ilha de São Miguel, onde morreram 29 pessoas devido a derrocadas.
“Era um cenário devastador. Foi muito difícil chegar lá. Tivemos de atravessar caminhos completamente obstruídos”, explicou Paulo Alves, acrescentando que a notícia do desastre chegou à redação por volta das 07:00, quando iniciava o turno matinal.
Para o coordenador e jornalista Pedro Moreira, a importância da rádio pública manifesta-se com preponderância nestas situações de emergência, pois “é o meio mais ágil de fazer passar informação” ao nível da Proteção Civil, por exemplo.
“É nessas alturas que as pessoas mais se socorrem do rádio, esteja ele no automóvel, na mesa-de-cabeceira, tenha ele grande ou pouca qualidade”, referiu Pedro Moreira, uma das vozes que, diariamente, dão a conhecer as principais notícias do dia nos noticiários da Antena 1 Açores.
O jornalista adiantou que quando as catástrofes ou outros acontecimentos relevantes ocorrem, é obrigação da rádio pública “lá estar a cobrir com rapidez, porque chega às nove ilhas do arquipélago”.
“Temos um público fiel que nos exige notícias regionais, mas também notícias das suas ilhas, porque mais do que no contexto nacional, nos Açores faz sentido chegar a todas as ilhas”, considerou Pedro Moreira, que tem no currículo oito anos de experiência de rádio e 14 de televisão.
No seu entender, a rádio continua a contribuir para dar a conhecer os Açores dentro e fora de portas, até porque a região já não é apenas notícia a nível nacional quando ocorrem sismos ou outras catástrofes.
“Por exemplo, a Antena 1 tem notícias todos os dias na emissão nacional por via do programa ‘Portugal em Direto’, feito a partir do Porto”, destacou o jornalista, ironizando: “Nem todos os dias há tragédias nos Açores para relatar”.
Apesar das melhorias tecnológicas ao dispor, o chefe de redação da Antena 1 Açores lamentou a diminuição dos recursos humanos, numa casa que tem sido “uma verdadeira escola para os jornalistas na região”.
“Alguns dos jornalistas de referência no arquipélago formaram-se aqui”, destacou Paulo Alves.
O 75.º aniversário da Antena 1 Açores vai ser comemorado no próximo dia 28, com um espetáculo no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, que vai mostrar a atividade artístico-cultural nas ilhas açorianas e a projeção que a rádio ao longo de anos tem veiculado, na região, no país e no mundo.
Fundada a 28 de maio de 1941, a rádio pública nos Açores tem atualmente redações nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial e vários correspondentes nas restantes ilhas.